Vestida de renda chique
Num disco de vinil
Afoguei as minhas mágoas
Pela saudade dos idos...
Joguei pela vitrola adentro
Minhas lembranças daquela mina
Que vestida de renda chique
Fazia coque em seu cabelo com grampos
Que mais pareciam taquaras secas perdidas nos montes
E as trepadas nas goiabeiras..opa!
Meu opapa já vinha de cinto em riste
Desce daí menino safado!
Minha omama já gritava!
Pára de comer goiaba!
Olha a disenteria!
Vai catar a lenha preguiçoso, que vem mais chuva
E lá no meio do mato
Eu pensava no amanhã, de cócoras apanhando
Folhas naturais não tão... Ásperas
E o futuro chegou a quatro pneus carecas de uma Brasília
Que já era velha quando chegou
E surgiram as minas
Umas mais bonitas do que as outras
Nem o cheiro de cebola atrapalhava os apertos
Dizer que era virgem era covardia
Então a prosa era maior do que a pegada
Fumar era moda
Morrer alcoolizado era normal
Lamentava-se a morte do falecido
Bebendo a melhor branquinha do fulano
Uma mistura de chinelos e kichutes
Mostrava que o time estava concentrado
Os craques de uniforme, os reservas sem camisa
O juiz no meio do campo
Olhava mais o nervosismo no vestuário do time da casa
do que o jogo em si.
Muitas cobras foram encontradas babando
No recinto dos adversários.
O juiz não vestia a camisa do time da casa
Apenas torcia por ele desde criançinha
Alguns mais corajosos enfrentavam a torcida
E chegavam em suas casas só de cerola
...E demorava-se para achar o apito
...Tempos difíceis, época dos vampiros, bruxas e lobisomem
Mas por que tinha tanto cheiro no ar?
Talvez do sabão que era mais usado do que sabonete
Ou do sabonete que era usado para escovar os dentes
E cortar a barba para as domingueiras
Tinha também o óleo de cabelo "glostora"
O último lançamento do mercado
O cabelo ficava um pouco “gorduroso”
Mas tinha cheiro de perfume
E a medicina avançava às botas largas no combate
Às lombrigueiras que deixavam raquiticidos os pimpolhos
Com cor de folha de inhame desfalecida
Mas nada era melhor do que beber
Aquela cerveja geladinha pelas corredeiras do riacho
Ah! e tinha as prefeituras que limpavam as ruas
Faziam um roçado, abriam as valetas
E pedregulho pra todo lado
Hoje ficou diferente
As valas foram para debaixo da terra
E se limpa só quando morre alguém afogado.