Dialogando com a Maria - os trinta dela, os trinta meu

Com a minha idade eu já tenho mais de 300 textos escritos, alguns fins, muitos começos, uma série de lugares incríveis já visitados, terapias e uma cicatriz de cirurgia no joelho esquerdo.

Com a minha idade eu já aceitei que tem coisas que se você não faz na idade certa, depois só resolve com tatuagem. Também já entendi que não posso mais brigar com meus pais e que não são eles que vão preencher minhas lacunas. “Não é com eles”, ainda repito vez ou outra pra mim mesma.

Quando criança eu vi o impeachment do Collor na tv sem imaginar que em 2016 assistiria ele discursando no senado num outro impeachment. Eu não sabia que com essa idade iria usar cintura alta e ela teria voltado toda cool e elegante. Que teria Instagram; que tatuaria uma frase em inglês; que O Aprendiz renderia um presidente para os Estados Unidos e um prefeito para São Paulo.

Com a minha idade tenho o receio e a vontade, o adeus e a promessa, tudo doendo e sendo bom ao mesmo tempo. É bom não ser mais jovem e é ruim não ser mais jovem.

Com a minha idade eu sei que daqui a dez anos, eu ainda não vou saber como amar sem ter medo. E também sei que quando eu chegar lá verei que eu ainda não vou saber de muitas coisas.

Ainda bem.

*Textos de Quinta - Para fugir da responsabilidade.

Um a cada quinta. Não é promessa, é desejo =)