Não sou óbvio

NÃO SOU ÓBVIO

Miguel Carqueija

Não sou adepto em geral das coisas mais badaladas, sou inimigo do óbvio por esse aspecto.

Nunca li Dan Brown e nem as séries Crepúsculo e 50 tons. Nem tenho interesse, aliás. Não gosto em geral de “best-sellers”.

Tampouco me interesso por Jorge Amado, que para mim raia a pornografia. Sempre achei José de Alencar e Machado de Assis muito chatos, como aliás a maior parte dos nossos autores clássicos. Os escritores brasileiros que mais aprecio, entre outros, são Malba Tahan, Cecília Meireles, Paulo Setúbal, Gustavo Corção, Thales Andrade.

Não acho que Elis Regina seja nossa maior cantora, não me ligo no Roberto Carlos e nem acho a menor graça na Ivete Sangalo. Gosto sim, e muito, da desaparecida Diana Pequeno.

Aprecio os Beatles como artistas, gosto de ouvir suas gravações, mas não os acho o supra-sumo. Sou mais a Rita Pavone, muito mais. E mesmo entre os conjuntos prefiro The Platters.

Não sou fã de Tim Burton e nem de Pedro Almodovar. Na verdade não gosto nem dos filmes do Spielberg, que talvez seja o melhor cineasta medíocre. Querem saber? Afora o Walt Disney (caso especial) sou vidrado no Roger Corman. Um dos “cineastas malditos”...

Animês e mangás? Gosto muito mas não de Cavaleiros do Zodíaco, Naruto ou Pokemón, pois é nesses que logo pensam os aficcionados na cultura de violência. Para mim valem Sailor Moon, Psycho Pass, Gene Shaft, Blue Drop, Kobato...

Programas de tv? Nem me falem em Silvio Santos, Faustão, Gugu, Raul Gil, Luciana Jiménez. Em geral assisto as emissoras católicas, notadamente a Canção Nova, onde posso ver o Angelus com o Papa Francisco e a Escola da Fé com o Professor Felipe Aquino. E na Rede Vida não perco o Sílvio Brito.

Novelas não vejo nem por decreto, muito menos o BBB e outras imundícies similares. Lembro do amigo que um dia me disse que “todo mundo assiste o BBB”. Pera lá, amigo. Todo mundo menos eu.

Não apresento “Casablanca”, “Cantando na chuva” ou “Titanic” como meus filmes preferidos. Prefiro citar “Hard candy”, “Pollyanna”, “O professor distraído”, “Filha da Luz", “Whiteout”, “Nausicaa do Vale do Vento”, “A promessa da rosa”, “Mary Poppins”.

Não voto no PT e nem no PSDB. Nunca, nem que a vaca tussa. Nas eleições presidenciais deste ano espero votar em Marina Silva ou José Antônio Reguffe. Nem tomo conhecimento das pesquisas eleitorais, sou cidadão e não escravo.

Pois é, gente. Não é fácil ser anti-óbvio. Mas é o meu destino e me sinto bem assim.

Rio de Janeiro, 10 de janeiro de 2018.