CRONOLOGIA DO INÍCIO DO SURF EM SÃO PAULO (REVISÃO)
Escrevi esse relato há 5 ou 6 anos. Mais que isso é o meu testemunho do que vivemos numa época que não havia essa comunicação instantânea de hoje, Não tenho pretensão de ser inventor do surf paulista, mas até então em nossas praias e no litoral norte não se via viva alma praticando surf.
CRONOLOGIA DO INÍCIO DO SURF EM SÃO PAULO
1964 - Eu, Sérgio Heleno, Dagoberto Batocchio e o Antenor , filho da dona de uma escola chamada Anwer ( ficava perto da Faculdade de Letras, quase em frente à igreja da Pompéia, em Santos), íamos quase todos os finais de semana para o Rio. O Di Renzo apareceu com uma revista Manchete que trazia uma reportagem sobre um novo esporte da moçada do Rio: chamava-se surf. Gregório Stipanich fabricava barcos, nós vimos diversos caras no Rio pegando ondas com pranchas de fibra. Daí a fabricar uma prancha ôca de madeira com 2,40m, em agosto de 1964 ( mais ou menos) foi um pulo. Em seguida o Gregório fabricou outra prancha listrada de vermelho e branco com 2,80. Não havia cordinha, as pranchas enchiam de água. Muitas vezes, essa água ia para a parte da frente da prancha, ela mergulhava e o empuxo fazia com saltasse violentamente para trás.. Era um perigo. Nessa época já havia umas pranchas de Madeirit roubada das obras e a molecada tentava pegar onda, alguns com pés de pato. Raramente alguém permanecia de uns instantes de pé. A estréia da prancha foi em grande estilo na Praia de Pernambuco, com uns quinze nadadores, em três carros, numa tarde fria e nublada, onde descobrimos que sem parafina ninguém ficava em pé.
1965 – Em maio eu e Sérgio Heleno demos baixa do Exército e pudemos
dedicar esse período pós caserna para voltar a vida normal e surfar muito. Era um frisson, uma febre. Dia e noite falando de surf, de Havaí, hang five, hang ten e o escambau. Surf, surf, surf. Uma batalha constante com os salva-vidas do Corpo de Bombeiros. Por diversas ocasiões fomos obrigados a sair d´àgua porque o mar estava impróprio. Tínhamos que explicar que éramos nadadores, que quanto maior as ondas melhor para surfarmos. Nenhum dos salva vidas tinha sequer ouvido falar nessa nova moda: o surf. O Di Renzo nadava no Corinthians e nos finais de semana chegava louco para surfar Quando passou o filme “ Mar Raivoso”, então, ficamos alucinados. O Di Renzo assistiu quinze vezes, eu e o Sérgio Heleno umas doze. E o assunto era um só: surf.
Começaram a aparecer vários adeptos do novo esporte: Fernandão, os gêmeos Dudu e Carlinhos (que fundariam a marca de surf wear TWIN), os irmãos Fangiano, Fernando Quizumba, Sandoval, Miro, Italiano (vendia amendoim e depois virou um bom surfista), Sidnei Negão, Timó, Nelson Caríca, Eduardo Falcão ( irmão do Charles Möeller, produtor e diretor de musicais), Nei, Detter, Barreto, Nelsinho Axel ( que morreu atropeldo quando ia surfar no Guarujá), e inúmeros outros. A grande maioria morava nas imediações da Praia de Itararé em São Vicente. O Emissário Submarino não existia, seria construído em 1975, mas em Santos começou a aparecer um pessoal. O Eduardo Nogueira (Piolho),
grande amigo nosso, começou a surfar e se sobressaiu, é dessa época.
1966 – O Ilha Porchat Clube patrocinou o primeiro campeonato realizado no estado de São Paulo. Tirei terceiro lugar, mas no dia da premiação não compareci e não recebi a medalha. Trouxemos o Mudinho, campeão do Rio de Janeiro e ficamos maravilhados com sua performance. Nessa época estudei com o Homero, que começava a surfar e fabricar pranchas.
1967- Com apoio da Prefeitura de Guarujá e do Jornal da Tarde(Grupo de O Estado de São Paulo), realizamos de um campeonato no Guarujá, que realmente foi muito bem organizado e marcou para sempre como início doe surf como esporte em São Paulo. Nós fomos juízes e participantes. Piolho foi campeão, Fernandão em segundo. Daí pra frente todo mundo sabe. .
Paulo Miorim