O processo de Kafka, me acompanhou hoje, durante a madrugada.
Kafka é o grande artista da angústia. Ele consegue me deixar imerso em suas tramas que de tanta simplicidade tornam-se de extrema morbidez e complexidade. O ato de andar em círculos - como muitas vezes na vida a gente se vê andando -, é contado de forma exagerada, catastrófica, brutal... e levada às mais altas linhas tênues entre o real e o insano. Kafka brinca com o insano... ele provoca sentimentos primários, muitas vezes, desejos que não queremos ter.
Hoje ele me acompanhou, com seu Processo sem fim, sem perdão, sem explicação.
Mas eu também já dormi ao lado de jejuadores, Artistas da Fome (e quem não é, um artista da fome?) ... e moças nervosas, Pequenas (grandes) Mulheres..., cheias de um ódio que esconde possíveis paixões jamais reveladas.
Sonhei tantos e tantos Sonhos Intranquilos, sempre rodeado de Castelos Infinitos, pessoas perdidas - assim como eu... -, anestesiado por Médicos Rurais... hora comovido com Cartas que nunca foram entregues, amores que não se consolidaram, hora me sentindo tão parte de um todo, que por vezes anda rápido, a cavalo... e por outras vezes paralisa-se... essa grandiosidade de problemas insolúveis, que de vez em quando faz-lhe sentir um Inseto, ou um breve membro de um conjunto de decisões não tomadas por nós, opressoras, nos condenando à uma Colônia Penal.
Eu vendi este livro (O Processo), na última sexta-feira, uma edição que eu não conseguia ler.... Pois não consigo ler livros muito danificados ou que estão sem capa. E no momento em que o vi indo embora, nas mãos de um sujeito bonito, com olhos que brilharam diante do livro sem a capa, eu quis muito tê-lo de volta. Desfazer o que estava feito. Pegá-lo de volta.
Baixei uma versão em PDF e fui lendo alguns capítulos na tela minúscula e rachada do meu celular. Pus-me a pensar incessantemente, quase de forma obcecada em ter esse livro comigo. Inclusive cheguei a divulgar que trocaria qualquer livro do meu acervo..., por qualquer outro do meu, já há muito, falecido professor de escrita.
Hoje, felizmente, um querido amigo me apareceu com O Processo, e me presenteou com o livro. Era O Processo numa capa dura e negra, e logo na primeira página, tinha a foto do rosto do meu franzino finado mestre e companheiro de madrugadas.
Eu sempre gostei muito de livros de capa toda preta. Penso que um escritor que tem a coragem de lançar um livro preto, ele realmente SABE que o que tem dentro é puro ouro... Ele não precisa de marketing e nem sente a necessidade de que todas as pessoas o leiam, o livro simplesmente... existe, e ele é bom... e pessoas inteligentes merecem encontrá-lo, como o meu amigo encontrou e como eu o encontrei, hoje, quase as duas da manhã...
Kafka, em vida, jamais percebeu a qualidade do que tinha em mãos. O seu estilo de vida reprimido não permitiu que ele entendesse que ele ERA, SIM, um dos melhores escritores que já existiu. Kafka, em seu leito de morte, pediu ao seu melhor amigo Max Brod que ele queimasse praticamente todos os seus escritos. Max não conseguiu obedecer... muito pelo contrário, ele dedicou a vida inteira a divulgar o amigo
... mas... já divaguei demais e os raios de sol estão passando pelas brechas das janelas e por debaixo da porta.
O Processo de Kafka dorme aqui, abraçado comigo.
Kafka é o grande artista da angústia. Ele consegue me deixar imerso em suas tramas que de tanta simplicidade tornam-se de extrema morbidez e complexidade. O ato de andar em círculos - como muitas vezes na vida a gente se vê andando -, é contado de forma exagerada, catastrófica, brutal... e levada às mais altas linhas tênues entre o real e o insano. Kafka brinca com o insano... ele provoca sentimentos primários, muitas vezes, desejos que não queremos ter.
Hoje ele me acompanhou, com seu Processo sem fim, sem perdão, sem explicação.
Mas eu também já dormi ao lado de jejuadores, Artistas da Fome (e quem não é, um artista da fome?) ... e moças nervosas, Pequenas (grandes) Mulheres..., cheias de um ódio que esconde possíveis paixões jamais reveladas.
Sonhei tantos e tantos Sonhos Intranquilos, sempre rodeado de Castelos Infinitos, pessoas perdidas - assim como eu... -, anestesiado por Médicos Rurais... hora comovido com Cartas que nunca foram entregues, amores que não se consolidaram, hora me sentindo tão parte de um todo, que por vezes anda rápido, a cavalo... e por outras vezes paralisa-se... essa grandiosidade de problemas insolúveis, que de vez em quando faz-lhe sentir um Inseto, ou um breve membro de um conjunto de decisões não tomadas por nós, opressoras, nos condenando à uma Colônia Penal.
Eu vendi este livro (O Processo), na última sexta-feira, uma edição que eu não conseguia ler.... Pois não consigo ler livros muito danificados ou que estão sem capa. E no momento em que o vi indo embora, nas mãos de um sujeito bonito, com olhos que brilharam diante do livro sem a capa, eu quis muito tê-lo de volta. Desfazer o que estava feito. Pegá-lo de volta.
Baixei uma versão em PDF e fui lendo alguns capítulos na tela minúscula e rachada do meu celular. Pus-me a pensar incessantemente, quase de forma obcecada em ter esse livro comigo. Inclusive cheguei a divulgar que trocaria qualquer livro do meu acervo..., por qualquer outro do meu, já há muito, falecido professor de escrita.
Hoje, felizmente, um querido amigo me apareceu com O Processo, e me presenteou com o livro. Era O Processo numa capa dura e negra, e logo na primeira página, tinha a foto do rosto do meu franzino finado mestre e companheiro de madrugadas.
Eu sempre gostei muito de livros de capa toda preta. Penso que um escritor que tem a coragem de lançar um livro preto, ele realmente SABE que o que tem dentro é puro ouro... Ele não precisa de marketing e nem sente a necessidade de que todas as pessoas o leiam, o livro simplesmente... existe, e ele é bom... e pessoas inteligentes merecem encontrá-lo, como o meu amigo encontrou e como eu o encontrei, hoje, quase as duas da manhã...
Kafka, em vida, jamais percebeu a qualidade do que tinha em mãos. O seu estilo de vida reprimido não permitiu que ele entendesse que ele ERA, SIM, um dos melhores escritores que já existiu. Kafka, em seu leito de morte, pediu ao seu melhor amigo Max Brod que ele queimasse praticamente todos os seus escritos. Max não conseguiu obedecer... muito pelo contrário, ele dedicou a vida inteira a divulgar o amigo
... mas... já divaguei demais e os raios de sol estão passando pelas brechas das janelas e por debaixo da porta.
O Processo de Kafka dorme aqui, abraçado comigo.