Uma crônica da crônica

Era 10 de junho de 2014, verão para nós, e eu acordei cedo. Antes mesmo de escovar os dentes, fui ver os passarinhos (os bem-te-vis e as fogo-pagou), que esvoaçavam e cantavam alegremente nas árvores do meu quintal. Extasiado com a beleza da manhã e envolto em lembranças da minha infância, adolescência e juventude na roça, filmei, fotografei e depois escrevi uma crônica, à qual dei o título “Manhã de sol e lembranças”.

 

Enviei a crônica para o portal (En)Cena, onde foi publicada em 7 de setembro de 2014. O (En)Cena é um projeto muito bonito do Centro Universitário Luterano de Palmas (CEULP) da Universidade Luterana do Brasil (ULBRA), cuja seção Escritos se propõe a registrar, mediante a publicação de poemas, crônicas, contos e assim por diante, o flerte entre a existência e as palavras, ou, ainda, entre a literatura e a loucura. “A literatura e a loucura enamoram-se”, dizem eles.

 

Pois bem. Eu revisito minha produção, meus escritos. Já vi alguém dizer que não gosta de rever o que escreveu. Eu, ao contrário disso, gosto de revisitar minha produção, minhas insignificâncias literárias. Assim, hoje, 9 de janeiro de 2018, o fiz. Acessei o (En)Cena, reli a crônica e, julgando oportuno, pincei um trecho para publicação no Facebook, este: “A vida passa e a fila anda, em todos os sentidos. A perecibilidade assusta, confunde e amedronta.”

 

Postado o texto no Facebook, logo vieram as reações: comentários dos amigos Erisval Moura e Mary Alexandra, além das curtidas de vários outros amigos internautas. Caramba, eu amo o Facebook exatamente por isto: é vivo e há sempre e prontamente o feedback. O Facebook é o bicho que mordeu a goiaba, porque é vivo e, vivo, reage. É por isso que sou um entusiasta da ciência e da tecnologia.

 

Eles comentaram o texto e eu logo os remeti, com alegria, ao (En)Cena, para a leitura de “Manhã de sol e lembranças”. A internet, fruto da ciência e da tecnologia modernas, assombrosamente nos permite isso e muito mais, que bacana! E os comentários deles, imediatamente à leitura, mexeram comigo, me deixaram feliz ao ponto de querer registrar tudo, como registro agora, em mais uma crônica.

 

Meus textos, mais do que tudo, são isto: eu vivo e registro momentos. Penso que vem daí o meu gosto pela já mencionada revisitação do que produzo. Revivo na releitura das minhas crônicas os momentos que nelas registrei. Eis também, penso, a razão por que tanto amo fotografar. Se eu não fosse advogado, seria certamente fotógrafo. Tenho paixão (Platão diria que tenho amor) por fotografia.

 

Erisval, no Messenger, em resumo, disse (aliás, mais do que isso, escreveu): “Já li a crônica ‘Manhã de sol....’. Bucolismo e depois uma profissão de fé.” A Mary Alexandra, também no Messenger, depois de transcrever todo o último parágrafo da crônica, fisgou-me, dizendo: “Conversar com você é pausar e pensar.” Como deixar de cronicar e registrar tudo isso? Não, não poderia. Jamais! Para muitos isso é tolice, para mim, contudo, é algo inestimável. Puxa vida, ganhei o dia!