RAZÃO E EMOÇÃO
 
          Em toda a história da Humanidade – e aí se vão mais de 6.000 anos – o Homem tem se confrontado com dois caminhos: um íngreme, tórrido, reto; outro plano, molhado, sinuoso. Durante esse tempo o ser humano em sua complexidade – corpo, alma e espírito – tem nele buscado palmilhar um caminho pacífico, harmonioso, tem lutado permanentemente por uma estabilidade de comportamento.
      O primeiro caminho é a razão. Força plena de inteligência, fria, consciente da realidade. O segundo caminho é a emoção. Força plena de sensibilidade, quente, inconsciente da realidade. Pelo tempo de existência da Humanidade essa luta é eterna. Embora estejam no Homem caminhando em paralelo, sempre se põem em confronto a cada instante. Num momento é a emoção que vence a razão, noutro é a razão que sobrepuja a emoção.
          Em geral, quando a emoção sai por cima da razão, o seu condutor se sente feliz, embora depois quase sempre amargue dissabor. Quando a razão suplanta a emoção, o seu condutor se sente sofrido, mas sempre goza alegria posterior. Nesse caminhar permanente, pois, razão e emoção são elementos próprios do ser humano, que o fazem agir ou reagir diante das situações e fatos inesperados. Todavia, a prevalência de uma sobre a outra naquele momento resulta do autodomínio de quem as conduz.
          Razão e emoção são como que os dois lobos que habitam o espírito humano descritos na fábula. Diz a fábula: “Um velho avô disse a seu neto, que veio a ele com raiva de um amigo que lhe havia feito uma injustiça: Deixe-me contar-lhe uma história. Eu mesmo, algumas vezes, senti grande ódio àqueles que “aprontaram” tanto, sem qualquer arrependimento daquilo que fizeram. Todavia, o ódio corrói você, mas não fere seu inimigo. É o mesmo que tomar veneno, desejando que seu inimigo morra. Lutei muitas vezes contra estes sentimentos”.
          E ele continuou: "É como se existissem dois lobos dentro de mim. Um deles é bom e não magoa. Ele vive em harmonia com todos ao redor dele e não se ofende quando não se teve intenção de ofender. Ele só lutará quando for certo fazer isto, e da maneira correta. Mas, o outro lobo, ah! este é cheio de raiva. Mesmo as pequeninas coisas o lançam num ataque de ira! Ele briga com todos o tempo todo, sem qualquer motivo. Ele não pode pensar porque sua raiva e seu ódio são muito grandes. É uma raiva inútil, pois sua raiva não irá mudar coisa alguma!”
          “Algumas vezes é difícil de conviver com estes dois lobos dentro de mim, pois ambos tentam dominar meu espírito". O garoto olhou intensamente nos olhos de seu avô e perguntou: "Qual deles vence, Vovô?" O avô sorriu e respondeu baixinho: "Aquele que eu alimento".
          O apóstolo Paulo em sua Carta aos Romanos identificou esse conflito em si próprio dizendo: “O bem que eu quero, esse eu não faço; mas o mal que não quero, esse eu faço” Portanto, para sermos felizes é preciso que saibamos equilibrar as forças desses dois lobos interiores de modo a estarmos sempre no controle de nossas emoções guiados pela razão.
Ailton Elisiario
Enviado por Ailton Elisiario em 10/01/2018
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