NADA DE NOVO
Por: Domingos Calixto dos Santos
domingoscalixto@hotmail.com
Caro colega,
Acho que comecei esse texto de maneira errada. Primeiro porque utilizei “caro colega” como vocativo. Deveria ter utilizado o chavão do populismo brega que se tornou fashion no cotidiano: “companheiros”. Segundo, por ter utilizado uma palavra derivada do verbo “errar” (do latin errare) – ato ou efeito de caminhar sem direção - em plena primeira linha do texto e continuar na terceira horizontal dessa redação. Terceiro, por ter utilizado a mísera palavra “acho”, do verbo achar (latin afflare) – dá-se com uma coisa -, mas precisamente uma coisa perdida. Logo eu! Eu que brinco com as palavras dizendo em tom sarcástico e irônico: quem acha está perdido! Ora, perdido no meio de um texto tão simples e pequeno? Talvez. Porque “texto” (do latin textus) - significa tecer. Ou seja, é um processo. Palavra essa que, na boa e velha expressão, deixa muita gente de “orelha em pé”.
Eu ainda quero apontar mais um erro porque passa essa tessitura congênita das minhas inquietações: a palavra “fashion” também não foi um bom adjetivo aqui utilizado, pois se trata de um estrangeirismo. E no que diz respeito ao estranho, uma coisa nova, poucos se interessam em buscar o conhecimento da coisa, a coisa já apontada, dita e questionada.
Queria mesmo era tecer comentários a respeito das reclamações que acabamos fazendo por muito tempo e continuamos a fazer todo santo dia. Santo em parte, por que há dia que se parece mais um purgatório. No entanto, pensei que ninguém se interessasse em ler esse escrito. Por isso, desistir. Talvez pelo cansaço. Ou talvez pelo receio de em nada resultar.
E por falar em cansaço e receio, é obvio que muitas vezes chegamos a nos sentirmos desmotivados. Mas estamos sempre prontos para outra(s). Assim caminha a máquina pública: dizem. Problema é que caminhos têm rumos e transeuntes. E nem todos seguem a mesma direção.
Nesse meio termo, de onde não consigo avançar as idéias centradas no foco pelo qual passa os atos que deveria ser descritos, chego a lembrar daquele encontro no bar. Onde escrevemos Nada com a contribuição de todos numa conversa jogada fora. A diferença é que de lá Nada saiu como algo muito importante para todos. Enquanto nossas inquietações aqui não passam de nada nessa caminhada árdua e cheia de surpresas, na qual muitas lições ainda virão. Haja vista, somos precavidos e estamos sempre alertos. Depois não diz que não avisamos!
Não obstante, tem gente que acredita na velha filosofia do principio da química que, nada se perde, tudo se transforma. Ora! Com tudo que já discutimos em reuniões e outras conversas informais, de fato, não chegamos a conclusão alguma de nossas preocupações. Tudo é um silogismo. Essa é a verdade. Eu me reporto e prefiro acalmar-me nas palavras de Drummond: Mundo mundo vasto mundo, se eu me chamasse Raimundo, seria uma rima, não seria uma solução.