TEMPOS

(Por Érica Cinara Santos)

Hoje é o primeiro dia útil deste ano de 2018. Pelo menos para mim e para algumas outras tantas pessoas que, por razões diversas, retomam nesta data as suas atividades laborais.

Aqui na Amazônia chove e bastante. É o tal inverno amazônico que acontece enquanto todo o resto do país está em pleno verão. Daí começo a divagar sobre todas as diferenças existentes no mundo, no nosso mundo pelo menos, que é o que a nossa condição intelectual, por hora, é capaz de abarcar. Falo aqui especificamente das diferenças quanto ao tempo e as interpretações que fazemos a partir dele.

Liga-se a TV e os jornais alternam as notícias entre as férias nas praias do litoral brasileiro, a seca no interior do nordeste e a nevasca na América do norte. Nas primeiras a alegria de relaxar com a família, na outra a situação crítica dos reservatórios naquela região do Brasil e, por último, as águas que se congelam em movimento sob um frio de aproximadamente 30 graus negativos.

O tempo pode alterar o humor das pessoas. Altera sua rotina, seus hábitos, sua forma de encarar o dia, o mês...Aqui na Amazônia, por exemplo, as coisas mudam a cada seis meses. Este é o período em que o excesso de chuva faz com que os rios subam e inundem lugares, modifiquem paisagens, influenciem na agrofloresta e até nas espécies de peixes que serão mais comumente consumidas.

Este é o tempo das estações. Mas e o tempo cronológico? Aquele do calendário gregoriano, que é seguido pela maioria dos países e que nos fez comemorar o primeiro dia do ano há exatos 8 dias?

Este sim é o tempo que ainda mais nos move. Quem, em algum momento da vida, não fez promessas para o ano que se inicia? Que nunca escreveu lista de metas e, muitas vezes, não conseguiu cumprir algumas? Quem nunca fez suas mais poderosas orações, pulou ondinhas, guardou caroço de uva ou romã na carteira...? Quem não imagina o ano como uma página em branco pronta para ser escrita, preferencialmente com muito mais acertos do que erros?

Embora existam diferenças de tempo para cada lugar, para cada cultura e diferentes formas de encará-lo, uma coisa me parece ser igual para todos: a humanidade está em busca de alguma coisa. Em busca de uma transformação para melhor, e marca as etapas desse processo, consciente ou inconscientemente, nesses ciclos pautados pelo tempo. Tempo das estações, tempo das horas. Tempo. O tempo que passa e se transforma. O tempo que passa e leva-nos a todos nessa inevitável transformação. O tempo que inicia e finaliza ciclos. O tempo que é mestre, e que sabe ensinar dura ou amorosamente as lições necessárias, a depender das nossas escolhas. O tempo que nos convida a entendê-lo, mas, acima de tudo, a vivê-lo mais precisamente no PRESENTE, eis que o que fazemos, sentimos ou pensamos no agora é indubitavelmente determinante para todos os TEMPOS que ainda virão.

Érica Cinara Santos
Enviado por Érica Cinara Santos em 08/01/2018
Reeditado em 09/03/2020
Código do texto: T6220312
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