Loquacidade Frívola

O silencio inquietante da minha alma tornou-me uma pessoa loquaz. Que consegue interagir dentre os mais variados assuntos, com as mais variadas pessoas - que nem próximas a mim são, afastando-me de mim mesma gradualmente.

Quanto mais eloquente consigo ser, tanto menos entendo meu próprio ser. Como se a figura externa de mim, aquela que todos vêem, fosse mais interessante do que o verdadeiro “eu”. Mas não deixo eles saberem. Só admiram-me ainda (se é que admiram) por terem certeza da veracidade do meu discurso. Se descobrirem minha farsa, me tratarão como se trata a um animal sarnento de rua.

Ademais, eu não tenho escrúpulos para me incomodar com o fato de ser aceita mediante uma farsa. Isso não me amargura de modo algum.

Eu só preciso de um refrigério, às vezes, e ele se dá de maneira nunca previamente por mim planejada. Pode ser que se manifeste docilmente ou de modo extremamente rude. Ele é assim. Esse tal refrigério me enlouquece na mesma medida em que me apraz. Ele pode me trazer tanta paz que me faça sufocar por causa dela, ou tanta guerra que meus membros e órgãos não aguentem tamanha dor. E eu desfaleça.

Esse tal frenesi de refrigério, se dá por meio de palavras, não as faladas, mas as escritas, sim, minhas palavras escritas são as únicas verdadeiras. É como minha psicografia d’alma, minha verdade nua e crua. Mas não deixo eles saberem. Nunca. Jamais... Eles não entenderiam.