Devolva-me
Sozinho na sala de espera do consultório, vou navegando pelas músicas antigas do Brasil. Quem não tem uma crise nostálgica de vez em quando? Gosto mesmo é do Chico, do Gil e do Caetano. No entanto, de repente escuto aquela antiga canção primeiramente gravada por Leno e Lilian, desta vez executada por Adriana Calcanhotto, “Devolva-me”. Melodia gostosa, letra simples, mas bonita, deixo-me encantar por uns momentos.
De repente vejo que há uma moça sentada a meu lado. Sempre achei feio obrigar outras pessoas a ouvirem suas preferências musicais. Nesse caso, pior ainda, pois era alguém que não conhecia a nossa língua. Peço desculpas, coloco em pausa o meu fone. Imediatamente ela avisa:
-No, no, I like it!
Deixo então a sinfonia – isso mesmo, agora, ela já tinha mudado de categoria – correr. Até acho que ela é bonita mesmo. Assim que termina a “apresentação”, ela me pergunta o que significa.
Com o Inglês mais romântico que pude produzir, falo que é a história de alguém que rompeu com seu amor e agora lhe diz para rasgar as cartas de amor. E tem mais, se ainda tem o retrato que um dia – quando ainda eram apaixonados – lhe dera, que devolva. Daí o título da música: “Devolva-me”. Explico até que é um caso de dor de cotovelo, do melhor jeito que achei.
Paro então minha tradução com medo de estar me tornando piegas e até inconveniente. Olho para ela, mas ela está dizendo:
-No, no... It’s beautiful!
Aí, então, ouço meu nome, a assistente do médico me chama. Digo então “até mais” e entro no consultório. Eu seria capaz, entretanto, de jurar que seus olhos estavam lacrimejantes. Não, não pode ser...
O fato é que de vez em quando escuto de novo a canção, mas agora meus ouvidos são outros...
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