Calcinha de Nylon – COQUETEL
Hora dançante, reunião social para coquetes dos anos 60. E onde havia mocinhas de família e levadas da breca. Tudo era uma bossa nova!
Cocotas chilreavam pelas ruas dos anos 70 enquanto hippies, às avessas protestavam ‘paz e amor’. O ‘roque’ tirava indagações de mães em seus divãs:
- Dr. Quem é este tal de Rock and Roll?
Piriguetes abafam nos bailes ‘fanques ’ enquanto a velha guarda protesta “Queremos os Anos Dourados!”.
Uma geração sempre sucede e questiona a outra em eterna sucessão querendo superar modernidades. Ou não. Os costumes se perpetuam nas memórias: histórias repletas de lacunas que vão se preenchendo até tornarem-se colunas para a História Pessoal segundo a oralidade (e registros de escritas) de cada um.
Foi assim que no FACEBOOK, rede social do pós-moderno, e eu digo com muita liberdade que é um Museu da Pessoa virtual, que alguém postou a foto daquele doce de antigamente. Pessoas começaram a postar ‘receitas’ de como se fazia à época. O colorido e a nomeação de ingredientes puxou de minha memória a ‘batida’, o ‘drinque’, o ‘coquetel’ – como queira a brasilidade ou o estrangeirismo - chamado de Calcinha de Nylon.
No velho liquidificador, que ganhava destaque no tager – aparador antigo – da copa de casa punha-se leite condensado, groselha, leite e cachaça. Após bater bem minha irmã armazenava o líquido alcoólico em velhas licoreiras de minha avó.
Outras moças faziam o mesmo para servir nas Horas Dançantes de suas casas. Mas minha irmã não podia se dar ao luxo. Sofrendo o recalque de minha mãe, avó e sua madrinha tinha que ouvir:
- Onde já se viu “fia minha” ir nestas festas!
E do pai vinha a sentença:
- Jamais você será uma “Levada da Breca”!
Eu assistia as crônicas de Nelson Rodrigues ao vivo no palco da sala de visitas da velha casa familiar.
Minha irmã, com o coque de cabelo feito à gosmento laquê de gelatina incolor, recalcava suas vontades bebendo aquele licor como sobremesa após à “jantarada” dominical. Após o tardio almoço , incoerência de denominação por que não era nenhuma janta, todos faziam a sesta.
E ela por puro histerismo ordenava:
- ninguém janta hoje!
As licoreiras, agora preenchidas, eram levadas para o barzinho de madeira e ali a bebida azedava. Não tínhamos geladeira na década de 60.
Mais tarde era servido naquele domingo, um minguado café com pão doce.
O tempo passou, tudo mudou e ficaram estas lembranças ora revestidas de nostalgias ora de risos (nervosos?) ora de indiferenças.
Ninguém dançou. Ninguém morreu.
Todos festejaram as longas idades que nos permitem as crônicas de antigas datas.
Hora dançante, reunião social para coquetes dos anos 60. E onde havia mocinhas de família e levadas da breca. Tudo era uma bossa nova!
Cocotas chilreavam pelas ruas dos anos 70 enquanto hippies, às avessas protestavam ‘paz e amor’. O ‘roque’ tirava indagações de mães em seus divãs:
- Dr. Quem é este tal de Rock and Roll?
Piriguetes abafam nos bailes ‘fanques ’ enquanto a velha guarda protesta “Queremos os Anos Dourados!”.
Uma geração sempre sucede e questiona a outra em eterna sucessão querendo superar modernidades. Ou não. Os costumes se perpetuam nas memórias: histórias repletas de lacunas que vão se preenchendo até tornarem-se colunas para a História Pessoal segundo a oralidade (e registros de escritas) de cada um.
Foi assim que no FACEBOOK, rede social do pós-moderno, e eu digo com muita liberdade que é um Museu da Pessoa virtual, que alguém postou a foto daquele doce de antigamente. Pessoas começaram a postar ‘receitas’ de como se fazia à época. O colorido e a nomeação de ingredientes puxou de minha memória a ‘batida’, o ‘drinque’, o ‘coquetel’ – como queira a brasilidade ou o estrangeirismo - chamado de Calcinha de Nylon.
No velho liquidificador, que ganhava destaque no tager – aparador antigo – da copa de casa punha-se leite condensado, groselha, leite e cachaça. Após bater bem minha irmã armazenava o líquido alcoólico em velhas licoreiras de minha avó.
Outras moças faziam o mesmo para servir nas Horas Dançantes de suas casas. Mas minha irmã não podia se dar ao luxo. Sofrendo o recalque de minha mãe, avó e sua madrinha tinha que ouvir:
- Onde já se viu “fia minha” ir nestas festas!
E do pai vinha a sentença:
- Jamais você será uma “Levada da Breca”!
Eu assistia as crônicas de Nelson Rodrigues ao vivo no palco da sala de visitas da velha casa familiar.
Minha irmã, com o coque de cabelo feito à gosmento laquê de gelatina incolor, recalcava suas vontades bebendo aquele licor como sobremesa após à “jantarada” dominical. Após o tardio almoço , incoerência de denominação por que não era nenhuma janta, todos faziam a sesta.
E ela por puro histerismo ordenava:
- ninguém janta hoje!
As licoreiras, agora preenchidas, eram levadas para o barzinho de madeira e ali a bebida azedava. Não tínhamos geladeira na década de 60.
Mais tarde era servido naquele domingo, um minguado café com pão doce.
O tempo passou, tudo mudou e ficaram estas lembranças ora revestidas de nostalgias ora de risos (nervosos?) ora de indiferenças.
Ninguém dançou. Ninguém morreu.
Todos festejaram as longas idades que nos permitem as crônicas de antigas datas.
Leonardo Lisbôa
Barbacena, 05/01/2018
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