Amor em domicílio
A mulher, sem dúvida, tem alcançado grandes avanços em sua liberação e independência. Em tempos de ditadura e a educação machista de pais educando para “homem pode tudo, é garanhão, “mulher tem que ser certinha, comportada, casar virgem” , etc...ela estava fadada ao trabalho do lar, esposa e reprodutora.
Com o tempo, sofreu várias mutações. Conquistou o voto, o direito à igualdade no trabalho - nem tanto- ao seu lugar ao sol.
Estamos em uma era de retrocessos. Na política, na liberdade de expressão, apesar dos avanços à aceitação e igualdade de gêneros.
A informatização, que veio com a globalização, não gera dúvidas de que tem muito de positivo. Mas tem criado os famosos relacionamentos virtuais, conversas virtuais, xingamentos e discórdias, cobranças e amores, tudo virtual. Virtual e passageiro. Onde se vai, no restaurante, na sorveteria, na escola, o jovem e até adultos deixam de se relacionar para ficar ao celular, tablete ou similar.
Mas o pior: a mulher que antes atendia ao telefone a chamados por sexo. Sim, nos anos 90, com a popularização do celular para usos variados, hoje, é só abrir uma rede social e se tem acesso a pessoas, amigas, ex, conhecidas, amigos de amigos e pronto: estou me sentindo carente, vou “sair”. E a mulher que antes era tachada e intitulada mulher de programa, hoje está com os dias contados. A independência é tanta que se faz sem culpas e grandes arrependimentos.
Mais uma vez: sem falsos moralismos ou julgamentos. Mas será que estamos mesmo nos liberando? Nós mulheres, estamos felizes? Com exceções, claro, toda regra tem uma, mas na grande maioria das vezes o que se tem é frustração em cima de frustração.
O chamado é daquele que você conhece, já “saiu”, depois ele sumiu, deu um tempo e do nada achou sua foto interessante e resolveu passar aquele “171”: - Estava com saudades. Bem que a gente podia matar essa saudade, não é?
Então, o cara era ruim de papo, mais ou menos gentil – só naquela hora – um mal resolvido, deixou tudo o que tinha nos relacionamentos anteriores,inclusive a autoestima, não se levantou nem profissionalmente, nem psicologicamente, e quer se achar um Don Juan. Cama, e só.
Então você, que tem cansado da eterna procura pelo inachável – neologismos nessa hora cabem bem – do utópico e impossível amor da sua vida, sai. Isso, sai e se frustra de novo. Porque o que sobra é um vazio.
Pior que isso é que os homens se sentem da mesma maneira. Também passaram de garanhões a objetos de prazer. E muitas vezes também se deparam com mulheres manipuladoras e insensíveis. E vai por aí.
O que se tem é que todos procuram as mesmas coisas e nunca se encontram.
E o amor se tornou mais necessário, os encontros fúteis e sem consistência. É o amor em domicílio. Amor sem amor.