Atroaldo, o escritor tortuoso...

-Meu caro Atroaldo!

-Caro não, caríssimo! Escute aqui: É preciso conciencializar a mundivivência. Inultrapassável. Intemporal. Conexionado.

-Conexionado o quê?

-Você não está entendendo. Pense comigo, Soslaio, nós que somos amigos de muitos anos. Está vendo aquela praça, aquele pé de eucalipto, aquela pomba ligeira e aquele pobre velho?

-Estou.

-Pois agora é que eu reparei...

-Reparou no quê?

-Soslaio acorda! Sempre vivendo no mundo de ilhas.

-E o universo do alto não nos mostra os quantos são ilhas?

-Soslaio você bebeu sopa de filosofia. Mas o que é que isso? Você precisa tomar chá de hermenêutica.

-Meu caro Atroaldo está vendo aquele ônibus cheio de gente?

-Estou.

-Estão indo para o trabalho?

-Estão.

-Então eu também vou!

-Soslaio abre os livros, Soslaio, vem cá, abre os livros. Eu sempre digo: “ler é bom, mas tem que ser sintético!”.