Chuva

Poderia estar em casa, admirando e escutando a chuva, entretanto ali estava eu, vivendo-a e acompanhando-a em sua maneira de vestir com véu cinza a cidade e os pensamentos tortos. Aprendi que a chuva transforma e acalma, tornando belo até o mais triste dos momentos. As pessoas sempre fogem da chuva e do desconhecido, quanto a mim, sempre preferi fugir das pessoas.

Durante a tempestade, a biblioteca ganhava um ar ainda mais dramático e poético. Suas estantes exalavam poeira e magia enquanto suas janelas e corredores transmitiam solidão. Saboreava tudo isso com a doce brincadeira dos pingos no telhado tocando ao fundo. Às vezes se está tão acostumado com o vazio que é fácil confundi-lo com a paz.

Meu vazio estava drasticamente cheio de palavras e promessas quebradas então achei melhor voltar pra casa, tomar um banho e, talvez, chover um pouco.

Carolina Lima
Enviado por Carolina Lima em 04/01/2018
Reeditado em 04/01/2018
Código do texto: T6217046
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