Dois Sonhos e Um Desejo
 
Como se faz a vida? Ou como a vida nos faz?
Dizem que a vida é feita de atitude. Outros insistem que são as nossas escolhas que decidem a vida.
Querem ainda os românticos que, os sonhos e os desejos, para a vida se fazer são necessários.
Talentos, competências e impulsos.
 
Eu tive dois sonhos e um impulso, posso afirmar. Talvez sejam estas as diretrizes que levam ao desenvolvimento de talentos e competências: sonhos e impulsos.
 
Os sonhos: um era ser professor e o outro como todos que nasceram sob o signo do Renascimento Cultural,  que marca a transição do medievo para a modernidade,era ser pintor (leia-se Artista Plástico).
E o impulso que levava ao desejo: ser um escritor.
 
Meu destino era ser “passa-fome” ou um “mendigo de gravata”. Quantas vezes tive que ouvir estas sentenças. Queriam que eu fosse militar! Nunca me vi como tal!
 
O que eu queria mesmo era ser pro – fes – sor! Eu mastigava as sílabas para impor esta tendência que eu queria seguir.
 
Quanto a ser pintor acho que era uma vontade generalizada de toda uma geração que nasceu sob os auspícios dos mestres da pintura, a influência dos modernistas brasileiros e todo glamour que a arte proporciona. Uma geração anterior na cidade se lançou nesta aventura quer pela beleza do céu da cidade serrana, quer pela vinda de grandes nomes que por aqui se refugiaram (Guignard, em Belo Horizonte; Marcier e Serio Benine, na cidade) ou quer até pelo estgma que o nome ‘leonardo’ carrega fazendo sempre ouvir, quase que um vício, sem reflexão, apenas algo  automativo, a pergunta: “O da Vinci?”. E a geração que seguiu os nomes e as marcas dos três citados foi a que produziu Lourival Vargas, Paulão, o Alquimista dos Pincéis  (Paulo Mattos) e tantos outros.
 
A respeito do impulso sempre foi um impulso mesmo (muito mais que um desejo). Tão logo eu aprendi escrever o “beabá” lá vinha a vontade de escrever algo que eu só havia pensado. Passava a mão no lápis e em um papel e dava a forma de letras àquilo que era só ideia. Mas logo largava para lá.
 
Na adolescência vieram as tentativas de diário. Mas e se alguém pegasse e lesse aquilo que eu havia registrado?!  A autocensura fazia eu destruir tudo o que eu revelava no papel.
 
No ginasial vieram as tentativas de rimas e sonetos. Mas aquilo para mim era mais  horrenda matemática do que tudo ( onde se viu ficar contando sílabas como quem descreve um teorema). Detesto as teoria. Gosto é das práticas da beleza!
 
Tudo era muito mais impulso que desejo.
 
Fazendo escavações arqueológicas em papéis e documentos reencontrei uma tentativa de um desenho datado (o historiador em mim sempre teve necessidade das datas e do arquivamento).  Aquele ano que está naquela data do desenho foi importante para o meu Eu professor – o meu Eu artista plástico adormeceu, mas às vezes arrisca alguns traços e modelagem em argila.
 
Como professor veio os males da profisssão: depressão e pânico. E para fugir destas escuridões pegava papel e caneta e começava escrever palavras soltas. Elas se aglutinavam formando frases. Para mim eram  só palavras. Mas alguém leu e me perguntou:
- Você escreve poesia?
Foi quando então que me disseram que a POESIA é a forma de escrita livre. Ela traz consigo “a liberdade poética”.
Descobri que a POESIA é libertária: ela liberta o humano de suas neuroses!
 
Não tem que ter rimas e sim remos libertadores. E não tem que ter contas e sim contos de expressões da psique.  Não tem que ter estrofes medidas de sentimentos  e sim estufas produtoras de pensamento.
 
A Poesia, meu Eu literário, encontrou com  meu Eu arquivista, histórico, narador e surgiu assim o Cronista que achou uma brecha e disse assim:
- Oi, EU também estou aqui e vim para lhe mostrar novos rumos!
Desta maneira  a vida me fez e eu estou tecendo a vida nesta colcha de linhas.
 
Em memória de janeiro de 1981 que foi tão decisivo para mim.
 
Leonardo Lisbôa,
Barbacena, janeiro de 2018.
 
 
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Leonardo Lisbôa
Enviado por Leonardo Lisbôa em 03/01/2018
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