CONTOS DE VIGARICE

Até acho graça, ao lembrar-me. Mas era uma idade gostosa, sem malícia. Quanta ingenuidade, meu Deus. Já trabalhava no BB. Certa tarde, no intervalo para o café, um vendedor, descendente de japonês, pediu para falar com os funcionários. Oferecia corte de casimira inglesa para terno, variadas cores, a preço convidativo. Era necessário dar uma pequena entrada e ele entregaria já na próxima semana. Muitos, confiantes no patrício, adquiriram imaginando já usando o terno sob medida. Até hoje, estamos aguardando.

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Este também foi no horário do café. Tínhamos quinze minutos para bate-papo, contar piadas. Falar mal da vida alheia. E sempre aparecia alguém querendo vender algo. Sabia do poder aquisitivo da turma. O vendedor era também um japonês, bem vestido e se apresentava como agrônomo.

A oferta era bem tentadora e promissora. Comprar direito a árvores em formação, tipo Kiri, uma espécie desenvolvida no Japão e estava sendo bem aceita. Demorava uns sete anos para irem para o mercado internacional. Você podia adquirir 100, 200 e eles encarregavam de comercializá-los na época oportuna. A plantação ficava no Paraná.

Compramos muitas cotas. Até que um dia, um comprador ligou o desconfiômetro. Pediram à agência de lá para fazer uma fiscalização na floresta. Logo veio a resposta: nunca houve plantação de kiri naquela região. E as reclamações de compradores só aumentavam...

Yoshikuni
Enviado por Yoshikuni em 03/01/2018
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