ANGÚSTIA E ROTINA.

Muitos ficam sob o chicote da angústia desenhada na reprise. Reclamam ou se entregam no correr do rio da vida. Esquecem que estão vivos e essa benesse nem agradecida se torna. Estão submersos na rotina.

A vida é cópia, mas cópia evolutiva. Ao menos materialmente evoluímos, para avançar no tempo até a meta final. Lá acharemos a outra evolução.

Desenha-se a rotina. Ela é implacável, e tudo pode mudar, menos a rotina. E traz angústia para aqueles que não arbitram a mediação necessária, fazendo o conto e a conta de suas vidas.

A rotina não é só de obrigações e tarefas, estudos e trabalho, é também de festas e lazer. Mudam os lugares, as vezes nem isso, alteram-se os prazeres, mas lá está o conteúdo, rotina.

Muitos falam em viajar, é o que se ouve daqueles que querem conhecer o mundo, mesmo só na visão, sem nada saberem de história. Basta ver, ver sem saber o que está em sua retina, não como aconteceu. Não há arquivo mental para tanto, informação sedimentada. Satisfaz o que entra pelos olhos, sem cenários antecedentes. É bom ver o que nunca mais se fará, como os diamantes da renascença, os gigantes que lá estão a desafiar novos e incapazes artistas, ninguém a movimentar o cinzel ou pinceis como os petrificados mestres e suas obras.

A angústia é inevitável, ela surge quando se esgota a curiosidade para o possível.

Passa a ser a filha da dor que está ligada ao homem de forma inseparável de várias formas. Mas pode ser sublimada pela compreensão do que somos, ainda que superficial compreensão, como sempre será desse nada que incorpora o tudo que é nossa alma.

Somos reféns de nós mesmos. Precisamos encontrar esse outro lado além da cópia, a alma.

ELA É NOSSA REDENÇÃO.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 03/01/2018
Código do texto: T6215676
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