Só e sozinho consigo mesmo...

Esqueça tudo o que passou. Esqueça de todos os aniversários, eventos, casamentos e enterros que você foi. Esqueça todos os seus conhecidos, parentes, amigos e amantes. Esqueça dos empregos, dos passeios e dos animais que você cuidou. O que te sobra?

Será que toda a nossa vida é pautada nas nossas relações interpessoais e nas experiências que vivemos, sejam boas ou más? Infelizmente é.

Digo infelizmente, porque é realmente triste o fato de não conseguirmos conviver a sós com nós mesmos. Não que eu deseje ficar só neste mundo, mas e se um dia ficar? Não irei suportar minha companhia? Como seria?

Nós sentimos incontrolável vontade de vivermos em sociedade, isso é bom, pois ninguém é detentor do conhecimento pleno sobre todas as coisas. Todos precisamos de ajuda em algum momento. Mas quando essa ajuda e companhia torna-se obrigação, como se fizesse parte do próprio individuo que a necessita, não vejo onde isso possa ser bom. Quem não pode bastar a si mesmo, não bastará aos outros, e será sempre uma pessoa que buscará incessantemente a aprovação e aceitação de todos.

É nisto que se baseia quase toda a conduta humana: em agradar e fazer transparecer algo que muitas vezes não se é. É a sensação de “ter” que faz do homem este ser ganancioso, que não consegue amar além dos tesouros. Que não ama quem nada lhe pode oferecer, além de um coração sincero e pueril.

É tão comum formularmos toda a nossa opinião, acerca de tudo, com base somente nas “primeiras impressões”, abraçando cegamente o discurso eloquente, e desprezando severamente ao tímido e miserável. Como somos ignóbeis!

E agora lhe pergunto novamente: e se não houvesse mais ninguém, nem nada que te limite, como você seria? Você se suportaria?