O brasil dentro do Brasil
A foto é muito boa, disso não tenho dúvida. Estou tentando buscar a justificativa para a celeuma em torno da imagem do garoto em Copacabana na virado do ano novo. Afinal, ela existe todos os dias nas cidades brasileiras. Por isso, ainda não entendi o que nos fornece de novidade.
Ela mostrou apenas uma realidade constante na sociedade brasileira: um "brasil" dentro do Brasil. O "brasil" dos brasileiros largados à própria sorte, alijados de políticas públicas eficazes, sem voz, nem vez; às vezes, sequer percebem suas próprias realidades de exclusão, iludidos com uma política de pão e circo e com a falsa idéia de que no próximo governo será melhor, no próximo ano será melhor, se trabalhar dia e noite vai melhorar ou se rezar todos os dias Deus ajudará a mudar a própria sorte. E, assim, mantém -se a ordem vigente sempre inalterada.
Desse modo, vem natal, ano novo, entra governo, sai governo e nada muda. Mas, aí vem o carnaval, onde há uma completa inversão da ordem, nesses três dias de festas, o mendigo se iguala ao rico, homem se veste de mulher, patrão vira empregado e vice-versa, o povo é que manda, todos são iguais. Nem a lei consegue tamanha façanha! E nada se muda, permanecendo o mesmo ciclo podre de hierarquia excludente.
A foto é a prova de que o Estado não tem fornecido o mínimo existencial às pessoas. Ela só revela o que já sabíamos: aquela criança está ali com frio, largada, longe da família e da proteção do Estado, numa afronta direta à constituição. Pior de tudo, é saber que, provavelmente, a maior preocupação das autoridades envolvidas naquele evento era garantir a segurança dos muito bem agasalhados, pois representam a elite da nossa sociedade.
A verticalidade das relações sociais sempre foi e ainda é a tônica da organização social brasileira, tornando nos um Brasil de muitos "brasis".
Se a sociedade brasileira ainda não tinha percebido as crianças que estão nas calçadas, nos sinais, ou nos restaurantes pedindo um trocado, peça ajuda aos traficantes de drogas, pois com certeza eles já perceberam e as acolherão, se ainda não o tiverem feito. E mais uma vez, o Estado de coisas inconstitucionais permanece o mesmo. Enquanto isso, a sociedade continuará comemorando como se nada disso existisse, afinal, ano novo, tudo se transforma apenas mudando a folhinha do calendário.
O Antropólogo Roberto Damatta usava essa expressão ao se referir ao Brasil.
Ela mostrou apenas uma realidade constante na sociedade brasileira: um "brasil" dentro do Brasil. O "brasil" dos brasileiros largados à própria sorte, alijados de políticas públicas eficazes, sem voz, nem vez; às vezes, sequer percebem suas próprias realidades de exclusão, iludidos com uma política de pão e circo e com a falsa idéia de que no próximo governo será melhor, no próximo ano será melhor, se trabalhar dia e noite vai melhorar ou se rezar todos os dias Deus ajudará a mudar a própria sorte. E, assim, mantém -se a ordem vigente sempre inalterada.
Desse modo, vem natal, ano novo, entra governo, sai governo e nada muda. Mas, aí vem o carnaval, onde há uma completa inversão da ordem, nesses três dias de festas, o mendigo se iguala ao rico, homem se veste de mulher, patrão vira empregado e vice-versa, o povo é que manda, todos são iguais. Nem a lei consegue tamanha façanha! E nada se muda, permanecendo o mesmo ciclo podre de hierarquia excludente.
A foto é a prova de que o Estado não tem fornecido o mínimo existencial às pessoas. Ela só revela o que já sabíamos: aquela criança está ali com frio, largada, longe da família e da proteção do Estado, numa afronta direta à constituição. Pior de tudo, é saber que, provavelmente, a maior preocupação das autoridades envolvidas naquele evento era garantir a segurança dos muito bem agasalhados, pois representam a elite da nossa sociedade.
A verticalidade das relações sociais sempre foi e ainda é a tônica da organização social brasileira, tornando nos um Brasil de muitos "brasis".
Se a sociedade brasileira ainda não tinha percebido as crianças que estão nas calçadas, nos sinais, ou nos restaurantes pedindo um trocado, peça ajuda aos traficantes de drogas, pois com certeza eles já perceberam e as acolherão, se ainda não o tiverem feito. E mais uma vez, o Estado de coisas inconstitucionais permanece o mesmo. Enquanto isso, a sociedade continuará comemorando como se nada disso existisse, afinal, ano novo, tudo se transforma apenas mudando a folhinha do calendário.
O Antropólogo Roberto Damatta usava essa expressão ao se referir ao Brasil.