Há dias espledondoros que um simples fato o torna ácido. Era data natalícia de uma preciosa amiga. Lá fora, no jardim que o sol acariciava, o céu estava límpido e multicor, sem nenhuma nuvem negra pairando sobre as nossas cabeças. Eu quis ser gentil e demonstrar o meu afeto, ao presenteá-la com algo de imensurável valor. Eis que dirigir-me a Poetéca Lima e adquirir um magnífico livro, era um exemplar da Antologia Abrindo Alas. Mandei que caprichassem no embrulho para presente, e que o papel fosse quão luminoso quanto o plenilúnio de carme, peguei o glamoroso embrulho e a presenteei.

O que deveria ser motivo de satisfação, para a minha agonia, tornou-se algo de menosprezo. O quão esperado brilho nos olhos de alguém que recebe um presente, fora mais opaco que o olhar da lua, em sua fase mais nua e crua. O sorriso amarelado pela decepção, ao deparar-se com um “Livro de Poesia, contos e Crônicas” estava explicito em sua face. As letras que tanto me encantam não exerciam o mesmo fascínio sobre ela. A transparência do menosprezo fora tamanha que nem mesmo a ignorância pode ficar inerte. Abatido e sentindo-me derrotado tentei disfarçar minha decepção e a abracei veementemente. Desejei um feliz aniversario, beijei aquela linda dália do ébano, e pela porta aberta para a desilusão sair.
Marcos Antônio Lima
Enviado por Marcos Antônio Lima em 02/01/2018
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