De pai para filho
A rudeza do meu pai trago comigo como uma sina universal.
Nem todos são iguais, mas alguns são parecidos.
Lutamos para as nossas diferenças serem reconhecidas assim como
para aceitar as diferenças dos outros.
Então muitas vezes o silêncio é a nossa resposta e também a dos outros.
Para não distorcer fatos cala-se mas o pensamento é esse:
- Vai se ferrar!!!
E algumas vezes alguns se ferram e nós também.
O meu pai, casado, nasceu para a família, na época com as suas caçadas e as suas pescarias.
O tempo foi passando, mudando o conceitos, os costumes e ele foi reduzindo as suas predileções, parou com as caçadas, parou com as pescarias (nem percebeu) e ficou somente direcionado para a família e os seus engenhos de fundo de quintal.
Um dia parou com o seu coração sentado em frente da televisão.
Deixou a marca de um homem forte, determinado e com opiniões intransponíveis pelas razões dos outros.
Era do jeito dele e pronto!
Se houve emoções ele as guardou em seus traços feitos pelo tempo.
Talvez a sua emoção se escondia no seu silêncio que falava tão alto que não o percebíamos gritar ou chorar.
Eu fico com a sensação de que sou diferente.
Mera ilusão minha, já parei com as "caçadas", as pescarias vejo pela televisão, sentado no mesmo sofá da sala onde ele enfartou,
O mundo vai mudando, mas as pessoas, quem diria?
Vão sendo sempre as mesmas.