SÓ AS CRIANÇAS SABEM QUEM É PAPAI NOEL
Passadas as festividades natalinas, aquelas em que o aniversariante é pouco ou quase nada lembrado e que mesmo assim as festas são de arromba e de dimensões estrondosas capazes de ofuscar qualquer data, por mais respeitável que ela seja. Retorna Noel, o bom velhinho, ao seu anonimato de senhor de terceira idade. Volta a sua vida pacata , comum , como qualquer cidadão. Ninguém mais sequer toca em seu nome ou lhe dá o prazer de tê-lo em suas míseras lembranças. De astro do show, ao bater da meia noite, é esquecido como alguma coisa pela qual não se tem mais admiração nenhuma perdendo-se seu valor.
Para onde ele vai? Ninguém mais se importa. Pouco caso fazem de sua presença, ou melhor dizendo, de sua ausência. Agora que não mais lhe carecem de seus favores, ninguém mais quer saber a respeito dele. Se não do personagem muito menos do homem que traja a roupa vermelha e branca, aliás , jamais , em momento algum , cogitou-se que embaixo daquela vestimenta existia um ser humano. Nem sequer importaram-se em saber quem é ele, se é casado, solteiro, sem tem filhos, netos. Em tendo família participa do natal de seus entes? Quem lhe entrega o seu próprio presente?
Torna-se novamente um homem comum. Aquele velhinho que mora no bairro, tem uma barba grande e branca, uma barriga saliente. Quem sabe aposentado de alguma profissão que ninguém lembra. Ou será este trabalho de um dia por ano sua profissão de fato? Como sabemos pouco do bom velhinho!
E se vive em seu polo norte gélido e cortante, solitário, de poucos amigos e com a impressão de que se utilizam de suas habilidades puramente por interesse material, por ser ele um eficiente entregador de presentes e nada mais. Que percebe com amargura que até mesmo um carteiro de profissão recebe mais atenção e reconhecimento na entrega de suas encomendas. E se pensarmos bem, ele não estará de todo sem razão.
Somos ingratos com ele. Se eu perguntar ao amigo leitor se Noel é nome ou sobrenome, tenho a certeza mais que absoluta que a maciça maioria irá enrubescer-se de vergonha sem pronunciar resposta alguma, e sabem porquê? Nenhuma viva alma por atenção ou delicadeza que seja teve a ideia de lhe perguntar. Não gostamos de nos alongar em conversas com papais Noel. Como se por ser uma figura lendária, não seja digno de deferência e veneração e mereça ser tratado como um reles qualquer sem sentimentos ou vontade de ser bem quisto.
Agora dá para se entender muito bem porque só as crianças em tenra idade permitem-se conversar e, por sua vez, acreditar no Papai Noel.Elas são muito mais sábias que nós.