EU JURO QUE VI.
Na minha infância, minha família morava em um sitio no povoado de Igarapé-Açu de Cima, no interior do Pará. Lembro que para assombrações, o nome dado era visagem. Como toda criança, eu tinha um medo danado dessas visagens, principalmente as que apareciam nas histórias contadas pelos mais velhos. Ocorre que eu estava morando ou passando um tempo na casa de Dona Rosa, minha primeira professora, para ser alfabetizada. Eu devia ter menos de 8 anos. Certa noite, passei mal, com dores de barriga e desarranjo intestinal. Naquele tempo, os sanitários eram fora de casa, as “casinhas” mal cheirosas e sem nenhuma higiene. Tive que chamar Dona Rosa para que ela me levasse até a casinha. Estava lá eu sentada, enquanto Dona Rosa esperava no caminho que ia até o igarapé que passava no terreno do sitio onde ela morava. Alem do insuportável desarranjo, meu medo de assombrações era maior ainda. Eis que de repente eu olho na direção do igarapé e o homem- penso que era um homem- com uma capa preta, até os pés e um chapéu de abas enormes, também preto vinha em direção de Dona Rosa. Gritei: professora, olhe o homem! Não sei se ela viu, mas saiu correndo em direção à casa e de lá saiu com o marido, o Sr. Mirico, este armado com uma espingarda. Enquanto isso, eu tentei correr, mas minhas pernas bambearam e eu cai, ficando a mercê do homem que parecia cutucar meus pés. Dona Rosa me colocou de pé e o Sr. Mirico olhava para todos os lados para localizar o homem de preto. Mas qual? Nem sinal dele!
Depois dessa experiência, mais medrosa fiquei. Até hoje revejo a cena nitidamente. Se foi imaginação ou realidade, não sei, mas juro que vi!