Está um dia tão bonito lá fora e eu quero brincar

O mundo tem sido um lugar duro. Talvez por isso já tem um tempo que fujo de assuntos que possivelmente irão tirar a minha paz, e percebo a falta de serenidade e paciência que consigo ter para manter essa fuga. É um exercício constante. Às vezes eu acho que a medida que envelhecemos ficamos mais ásperos, outras me pergunto quando foi que passei a demonstrar toda minha sensibilidade. Eu vejo pessoas discutindo sobre coisas tão triviais e sem importância. Eu vejo pessoas discutindo sobre outras pessoas. Enquanto somos devorados goela abaixo de uma gente hipócrita e sem escrúpulos nesse país de corda bamba, as pessoas estão realmente preocupadas com quem o outro ama, veste, ouve. Estão preocupadas com cor da pele, peso, idade.

Eu também não sei quando foi que o mundo ficou assim. Talvez a estranha seja eu. Mas há uma grande possibilidade disso tudo ter começado no momento em que o ser humano se perdeu na aproximação possibilitada pela tecnologia e a transformou numa distância cômoda e comicamente fria. Talvez isso tudo tenha começado quando os amigos deixaram de se encontrar. Quando todos tornaram-se menos compreensíveis uns com os outros culpando a facilidade da comunicação, e passamos a ser impedidos de enlouquecer ou esquecer – sem compreender que isso é o maior motivo para enlouquecer ou esquecer. Quando o touch passou a ter uma proporção maior que o toque.

E o mundo é esse que aí está.

*Textos de Quinta - Para fugir da responsabilidade.

Um a cada quinta. Não é promessa, é desejo =)

Marília de Dirceu
Enviado por Marília de Dirceu em 28/12/2017
Código do texto: T6210606
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