CONVERSANDO COM O VENTO

Na bela manhã de céu nublado caminhava pelo parque sem destino.

Senti uma imensa vontade de caminhar descalço, retirei os tênis e as meias, inicialmente foi muito difícil, meus pés sem o hábito a andar descalços doíam muito, as pedrinhas os gravetos a grama áspera causavam dor, parecia que não conseguiria dar mais um passo, caminhava devagar, aos poucos uma agradável sensação de bem estar foi me dominando parecia que as pedrinhas e os gravetos massageavam não apenas a sola dos pés, mas também todo o corpo. Sentia uma espécie de corrente elétrica a me percorrer por inteiro, uma agradável sensação, como se prodigiosa mão massageasse por dentro da minha cabeça, o cérebro.

Cada pequenina dor causada na sola dos pés refletia um adorável efeito no cérebro, me impelindo a continuar caminhando.

Quando cheguei próximo à frondosa árvore resolvi abraça-la, a abracei encostei meus ouvidos em seu tronco como quem ouvir os movimentos internos que ela poderia ter.

Ela balançou suavemente seus ramos como a me dizer que estava feliz com aquele abraço.

Disse para mim mesmo “Deixa de ser bobo, quem movimentou os seus ramos foi o vento”.

Não sei quanto tempo fiquei abraçado com a árvore, comecei a ouvir um som parecendo uma orquestra de vento arrastando folhas extremamente agradável de ouvir, creio que ouvi a seiva da árvore em movimento, quando terminei o abraço veio uma ternura imensa.

Já me haviam dito que as árvores são seres bem ternos e carinhosos, aquela ternura recebida despertou lágrimas em meus olhos, agradeci carinhosamente a ternura que me ofertou, ela novamente balançou suavemente seus ramos.

Continuei minha caminhada sem destino, aquele contato com a árvore mexeu com minha percepção, comecei a ver as plantas e tudo no parque com cores mais vivas e luminosas, a dor nos pés se tornaram quase nulas.

De repente uma aragem suave de vento me envolveu por completo, sussurrei:

_Vento! Vento amigo, sei que sabes tudo o que acontece, poderia responder as minhas perguntas?

Não me assombrei quando ouvi uma voz, doce como o mel, suave como a mais leve brisa responder: _Sim, tudo sei do passado, presente e futuro, tenho comigo o registro das vivências humanas, de todos os acontecimentos ao longo das eras, o que quer saber?

Com normalidade impressionante em estar conversando com o vento, questionei:

_Esta felicidade, este bem estar, esta ternura que estou sentindo é por andar descalço? –

A suave voz responde: _Certamente, neste instante estás a fazer o que a mãe terra espera de ti, Gaya a divina mãe terra te agracia com leves carinhos. –

Admirado com a resposta afirmei; _ Todo este carinho da natureza por apenas andar descalço?

Continua......