A PROFISSÃO DO FUTURO ("O Brasil é um país onde arrogância torna-se crime e delação virtude." — Nelson Barh)
Eu estava em cima de meu telhado colhendo alguns cajus, pois o cajueiro deitava suas galhas carregadas por cima da casa. Quando me surpreendo com a minha vizinha filmando-me com o celular lá do quintal dela, que não fica longe. Bem intencionada ela não estava... E muitos, em todos os lugares estão dando uma de paparazzi, para tirar vantagem de qualquer um. Refiro-me aos denunciantes de plantão, forjando provas para defender seus intentos. Falam nas mídias das delações premiadas, mas não se conhece nenhum "dedo-duro" que ganhou prestígio por sê-lo. Pelo contrário, faz-lho a si mesmo de graça, mau caráter travestido de anjinho. Até os noticiários são suspeitos e não merecem a credibilidade pelo sensacionalismo e mercenarismo por revelar os feitos negativos dos outros. E com instintos "uruburescos", curiosos deliciam-se com o sabor da podridão do mundo, depois regurgitando no povo, feito à moda da casa.
O denunciante anônimo é criminoso também, pela coparticipação ideológica no crime, ainda que indiretamente e passivamente. É como quem assiste a um filme pirata, beneficiando-se das emoções roubadas, assumindo a postura de consumidor e motivando a produção ilegal, chega até a se identificar com os personagens, e patrocinando o espetáculo com sua apreciação. É como os noticiários de tragédias lucram com a desgraça dos outros! Sem a audiência e assistência ávida não persistiam os programas deseducativo nos veículos de comunicação, a pirataria e os fofoqueiros dos Demônios.
O denunciante é irresponsável, porque é ligeiro para mostrar sua versão do que viu e ouviu, sem antes saber se é a verdade comum a ambos. Geralmente não se responsabiliza pelo que interpreta, prefere o anonimato pensando em causar prejuízo somente no outro. E se alguém lhe fizer uma pergunta, como responderá sem reformular uma falsa história inicial? Assim, sem firmeza procedem os que têm pés apressados para fazer intrigas, contar o que não viu, lidando só com o alvoroço!
O denunciante é covarde, a maioria dele faz questão de permanecer anônima. Não tem coragem e nem competência para resolver coisas mínimas que lhe pertence e prefere jogar nos outros, cobrando-lhes responsabilidade. O incoerente nesse caso, é que existem muitas empresas que só funcionam se houver denunciantes, e, infelizmente estas são revestidas do poder para punir. Como um covarde contribuirá para a ordem e progresso social, sendo extensão do olhar cedo de entidades do "0800"? Ele está cheio de medo de ser punido como "x-9". E se a questão não é dele por que haveria de pegar um cachorro que vai passando na rua pela orelha?
É assim que eu entendo o pensamento de Martin Luther King: "O que me preocupa não é nem o grito dos corruptos, dos violentos, dos desonestos, dos sem caráter, dos sem ética... O que me preocupa é o silêncio dos bons." Os falsos "bons" formulam denúncias anônimas e enchem o mundo de "fake news". Certamente, o tolo quando é ofendido, logo todos ficam sabendo por vias honestas e desonestas. Outro tipo de "bons" silencia-se, para oferecer suas palavras certas na hora certa e falam com sabedoria, desbancando e desempregando as mentiras. "O homem alterou tanto a sua personalidade que hoje, "delação premiada" tem mais valor que um fio de barba" (Josemar Bosi).
Então reforço, na trama da vida, os fracos fogem, os covardes denunciam, os fortes resolvem, os injustos julgam e os escritores percebem. "Algumas pessoas nunca dizem uma mentira - se souberem que a verdade pode magoar mais." (Mark Twain).
Quando começarem a pagar por produção a profissão de dedo-duro, terão que legalizar a prostituição também, porque são profissões similares, no que tange a questão do alugar-se em detrimento ao caráter, e aos princípios religiosos.