DESABAFO
Na sexta-feira já estava triste com a situação que certas pessoas passam... Sentindo-me apática por não poder ajudar... E decepcionada com o universo!
O final de semana chegou e permanecia pensativa e com raiva de mim e do mundo:
- Que ódio! Porque enquanto uns são milionários outros são tão paupérrimos? Porque enquanto uns se esbaldam em jantares exóticos com comidas que nem sei pronunciar o nome correto, outros têm de ficar em fila de bandejão aguardando comida doada por irmãos solidários? Porque enquanto uns se embriagam em festas com excesso de uísque importado, outros nem água têm para beber? Porque enquanto uns se vestem com roupas de grifes famosas e caríssimas, outros se utilizam de farrapos? Porque essas diferenças tão grandes e tão cruéis?
Quanto mais pensava, mais me martirizava e, consequentemente, mais ficava indignada e triste:
- Isso não está certo!
Desde pequena aprendi que os extremos e o excesso não fazem bem. Tem que ser meio termo. Assim vivi. Assim me criei e concordo com esse tipo de pensamento e de vivência! Nem oito e nem oitenta! Na média. No equilíbrio das coisas! Nem tão quente e nem tão frio: morno. Nem tão baixo e nem tão alto: médio. E assim por diante.
Aprendi que devemos manter em equilíbrio: o físico (corpo), o emocional e a mente (alma).
Ah se esse equilíbrio acontecesse na sociedade! É essa diferença social que me incomoda e me faz sofrer! Fico com essa dor por dois motivos: primeiro por saber da existência desse desequilíbrio desumano e o segundo motivo (o mais forte deles) é por não poder ajudar; sinto-me impotente perante essas desigualdades!
Estou decepcionada com a humanidade.
A tristeza foi minimizada ouvindo as sábias palavras do mestre padre Afonso de Castro: perseverança e gratidão. CLARO! É ISSO MESMO! Não devo deixar me abater se estou desapontada com o pouco retorno obtido. Devo ser grata por ter condições de puxar a frente campanhas de pedidos de doações. Devo ser grata às pessoas que estão me incentivando. Devo ser grata às pessoas que colaboram!
Fico muito mais tranquila sabendo que dá para amenizar a dor dos menos favorecidos com ajuda humanitária, doações de roupas, calçados, cobertores, comida, etc. Nem tudo está perdido.
Feliz novamente!
Simone Possas
(escritora gaúcha de Rio Grande-RS,
membro da Academia de Letras do Brasil/MS, ocupando a cadeira 18,
membro correspondente da Academia Riograndina de Letras,
membro da UBE/MS – União Brasileira de Escritores,
autora dos livros MOSAICO, A MULHER QUE RI e PCC,
graduada em Letras pela UCDB,
pós-graduada em Literatura,
contista da Revista Criticartes,
blog: simonepossasfontana.wordpress.com)