MEU FILHO
Nair Lúcia de Britto
Foi uma surpresa! Eu já tinha três filhas, dois empregos e a responsabilidade da casa; por isso eu já desistira do sonho de ter um menino.
Um dia porém desconfiei que estava grávida outra vez. Fiz o teste três vezes e dava sempre negativo. Mas. não sei como, eu pressentia sua presença, e insisti em fazer o teste pela quarta vez.
Lembro-me como se fosse hoje o dia em que eu fui buscar o resultado. Desci do ônibus em frente ao cine Belas Artes. Atravessei a rua da Consolação, em direção da avenida Angélica, onde era o Laboratório. Abri o envelope ali mesmo e, afinal, eu li: Positivo!
Caminhei sorrindo e emocionada para o ponto de ônibus naquela mesma avenida. E, enquanto eu esperava o ônibus, rumo ao trabalho, na praça da República, abracei minha barriga e falei com meu filho pela primeira vez:
-- Seja bem-vindo meu filho! Não vai ser fácil, mas Deus vai nos ajudar! Estou muito feliz, e eu já te amo!
Quando meu filho nasceu, era um menino lindo e travesso, loiro de olhos escuros. Desde os dois anos adorava comprar tudo que via e, quando isso não era possível, fazia birra.
Muito companheiro da irmã caçula, juntos faziam inúmeras traquinagens e, na Escola, ela sempre o defendia caso precisasse.
Na adolescência brigavam como todos os irmãos brigam. A irmã era muito organizada e ele bagunceiro. Mas, mais tarde, aprendeu a ser organizado; não tanto quanto ela. Agora ele é quem briga com quem faz bagunça.
Aos onze anosde idade, ele quis aprender a tocar piano. Foi estudar perto de casa, e pediu à professora para que lhe ensinasse a Marcha Turca. A professora explicou que isso era algo para bem mais adiante. Mas ele não se deu por vencido.
E logo que ganhou um teclado, tocou a a Marcha Turca, sozinho, de ouvido... Então eu percebi sua vocação para a música. Tempos depois ganhou um piano do pai. Nunca vou me esquecer do dia em que o piano chegou em casa. Imediatamente, ele tocou "Le Lac de Come". Quando eu ouvi essa música tão linda, pela primeira vez, pelas mãos do meu filho, foi tão emocionante como no dia em que ele nasceu.
Muito comovida senti as lágrimas de emoção correndo pelo meu rosto. Lágrimas de alegria, de orgulho e de amor imenso ao meu filho. Esse foi um momento muito marcante na minha vida!
Hoje meu filho é adulto, mas continua o mesmo menino amoroso de sempre ;e tão amigo dos animais que cuida da gata dele, como se fosse uma filha.
É sincero, honesto, inteligente, responsável e, como eu, não tolera injustiças. Nas suas amizades é um amigo pra valer! É uma pessoa sensível, amável, de caráter forte e acentuada personalidade.
Sempre brinco com ele, dizendo que numa outra encarnação ele deve ter sido um Príncipe. Pois gosta de tudo que é bom e refinado; de boa comida, de vestir-se bem; de lençóis macios e ambientes confortáveis e requintados.
É apegado à família e aos amigos à sua volta. Tem um humor incrível, faz as pessoas rirem com suas histórias, é divertido e muito solidário; pois, sempre que possível, tem prazer em ajudar.
Às vezes teme em perder as pessoas que ele ama. Mas sempre lhe digo que as pessoas que se amam de verdade nunca se perdem, quando o desejo de estarem juntas é recíproco. O amor não se amarra porque ele não é concreto; é abstrato. Só se solidifica com o respeito, a confiança e a liberdade de ir e vir de ambas as partes.
Se alguém que a gente ama quiser ir embora, nada pode ser feito. É um direito da outra pessoa, assim como é o nosso, de fazer suas escolhas. O mundo não vai acabar por causa disso.
E, como diz a Rita Lee, um amor de verdade nem a morte separa. O que é uma grande verdade!
Meu filho é o meu maior tesouro. Um presente maravilhoso com que Deus me abençoou! E umas das grandes razões pelas quais eu acho que vale a pena viver!
Meu maior sonho, e meu filho sabe disso, é vê-lo voltar a tocar piano; sua vocação verdadeira. É vê-lo sempre confiante em Deus, nele mesmo e nos próprios passos.
Obrigada, meu filho por ser tão meu amigo e, em certos momentos da vida, fazer as vezes do meu saudoso pai. Um beijo, eu te amo!
Nair Lúcia de Britto
Foi uma surpresa! Eu já tinha três filhas, dois empregos e a responsabilidade da casa; por isso eu já desistira do sonho de ter um menino.
Um dia porém desconfiei que estava grávida outra vez. Fiz o teste três vezes e dava sempre negativo. Mas. não sei como, eu pressentia sua presença, e insisti em fazer o teste pela quarta vez.
Lembro-me como se fosse hoje o dia em que eu fui buscar o resultado. Desci do ônibus em frente ao cine Belas Artes. Atravessei a rua da Consolação, em direção da avenida Angélica, onde era o Laboratório. Abri o envelope ali mesmo e, afinal, eu li: Positivo!
Caminhei sorrindo e emocionada para o ponto de ônibus naquela mesma avenida. E, enquanto eu esperava o ônibus, rumo ao trabalho, na praça da República, abracei minha barriga e falei com meu filho pela primeira vez:
-- Seja bem-vindo meu filho! Não vai ser fácil, mas Deus vai nos ajudar! Estou muito feliz, e eu já te amo!
Quando meu filho nasceu, era um menino lindo e travesso, loiro de olhos escuros. Desde os dois anos adorava comprar tudo que via e, quando isso não era possível, fazia birra.
Muito companheiro da irmã caçula, juntos faziam inúmeras traquinagens e, na Escola, ela sempre o defendia caso precisasse.
Na adolescência brigavam como todos os irmãos brigam. A irmã era muito organizada e ele bagunceiro. Mas, mais tarde, aprendeu a ser organizado; não tanto quanto ela. Agora ele é quem briga com quem faz bagunça.
Aos onze anosde idade, ele quis aprender a tocar piano. Foi estudar perto de casa, e pediu à professora para que lhe ensinasse a Marcha Turca. A professora explicou que isso era algo para bem mais adiante. Mas ele não se deu por vencido.
E logo que ganhou um teclado, tocou a a Marcha Turca, sozinho, de ouvido... Então eu percebi sua vocação para a música. Tempos depois ganhou um piano do pai. Nunca vou me esquecer do dia em que o piano chegou em casa. Imediatamente, ele tocou "Le Lac de Come". Quando eu ouvi essa música tão linda, pela primeira vez, pelas mãos do meu filho, foi tão emocionante como no dia em que ele nasceu.
Muito comovida senti as lágrimas de emoção correndo pelo meu rosto. Lágrimas de alegria, de orgulho e de amor imenso ao meu filho. Esse foi um momento muito marcante na minha vida!
Hoje meu filho é adulto, mas continua o mesmo menino amoroso de sempre ;e tão amigo dos animais que cuida da gata dele, como se fosse uma filha.
É sincero, honesto, inteligente, responsável e, como eu, não tolera injustiças. Nas suas amizades é um amigo pra valer! É uma pessoa sensível, amável, de caráter forte e acentuada personalidade.
Sempre brinco com ele, dizendo que numa outra encarnação ele deve ter sido um Príncipe. Pois gosta de tudo que é bom e refinado; de boa comida, de vestir-se bem; de lençóis macios e ambientes confortáveis e requintados.
É apegado à família e aos amigos à sua volta. Tem um humor incrível, faz as pessoas rirem com suas histórias, é divertido e muito solidário; pois, sempre que possível, tem prazer em ajudar.
Às vezes teme em perder as pessoas que ele ama. Mas sempre lhe digo que as pessoas que se amam de verdade nunca se perdem, quando o desejo de estarem juntas é recíproco. O amor não se amarra porque ele não é concreto; é abstrato. Só se solidifica com o respeito, a confiança e a liberdade de ir e vir de ambas as partes.
Se alguém que a gente ama quiser ir embora, nada pode ser feito. É um direito da outra pessoa, assim como é o nosso, de fazer suas escolhas. O mundo não vai acabar por causa disso.
E, como diz a Rita Lee, um amor de verdade nem a morte separa. O que é uma grande verdade!
Meu filho é o meu maior tesouro. Um presente maravilhoso com que Deus me abençoou! E umas das grandes razões pelas quais eu acho que vale a pena viver!
Meu maior sonho, e meu filho sabe disso, é vê-lo voltar a tocar piano; sua vocação verdadeira. É vê-lo sempre confiante em Deus, nele mesmo e nos próprios passos.
Obrigada, meu filho por ser tão meu amigo e, em certos momentos da vida, fazer as vezes do meu saudoso pai. Um beijo, eu te amo!