ÚLTIMO DIA DO ANO
Quando o findar se aproxima, vem-me à memória uma das mais melancólicas passagem do ano.
Trabalhava na filial de uma cooperativa em Promissão. Naquele ano, a matriz ordenou que levássemos o balancete no dia 31, sem falta. Como era o único solteiro na firma, me mandaram. A matriz ficava lá no Brás. Cheguei lá pelo meio-dia. Até prestar esclarecimentos sobre a documentação, o expediente estava terminando. Fizeram, ainda, coquetel de despedida com muita comida japonesa.
Corri até a rodoviária que ficava ainda na Praça Júlio Prestes na tentativa de pegar o ônibus de volta. Mas não havia nenhuma vaga. O jeito era se acomodar numa daquelas espeluncas próximas e ir embora no dia seguinte, já no Ano Novo.
Nem para se queixar da situação tinha ânimo. Estava exausto. Só queria tomar banho e cair na cama. Que programa de índio para se despedir do ano.
Só após voltar e no dia seguinte, me dei conta da situação ridícula que tinha passado. Enquanto os amigos estavam reunidos, festejando com os familiares, eu, numa cidade estranha para atender exigência da empregadora. Que absurdo, penso até hoje.