A VIDA E O TEMPO! ("O XERIFE"), in memorian)

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"Às vezes a vida passa tão depressa que a alma não tem tempo de envelhecer". (Frase postada em meu grupo de Zap, por Rogoberto Felisiano)

Contudo, essa frase, me remeteu ao tempo em que éramos adolescentes quando frequentávamos o cine Guarany, de propriedade de Adriano Bernardinho. Lembrei de quando tentei enganar o Xerife e assistir a um filme impróprio para menores de 18 anos, usando um sapato plataforma preto e branco, coberto por uma calça boca de sino ou pantalona, modas na época, mas não consegui.

Naquela época, a vida parece que a vida passa tão devagar que o ano escolar demorava muito para acabar e a gente pensava nunca terminar. Talvez a alma e o corpo não envelhecem, também. Queiramos envelhecer depressa só para ver o que outros assistiam nos filmes antes proibidos pela censura para menores de 18 anos. Naquela época, existiam filmes LIVRE, ATÉ 14 ANOS E SÓ PARA 19 ANOS. E todos respeitavam porque o Brasil estava na era do Governo Militar e todos tinham medo da censura imposta.

Quando tentei enganar o Xerife - por usar uma estrela no peito e um chapéu na cabeça - e entrar no cinema Guarany., ele puxou levemente minha calça pantalona, viu meu sapato que usava de duas cores, e não me permitiu entrar para ver um filme de 14 anos, em 1974. Mandou que comprasse ou trocasse para assistir livre!

Uma vez que vi o Xerife barrar um casal de namorados. O rapaz tinha a cara de menino, não portava a sua Carteira de Identidade e não foi aceita a CNH mostrada. "Tenho 18 anos", disse o rapaz. "Quer me enganar?" "Vou em casa pegar minha identidade mostrar ao senhor". Dirigiu seu fusca e vou buscar sua Identidade. Trouxe, apresentou, provou e entrou para assistir ao filme de 18 anos que queria.

Reconheci a quem chamavam de Xerife, que morreu quase à míngua em um apartamento na Fundação Dr. Thomas! após a morte do empresário Adriano Bernardino, dono de quase todos os cinemas que existiam em Manaus.

Mas nunca tive coragem de perguntar-lhe seu verdadeiro nome. Minha timidez de meus 14 anos na época, impediu-me que lhe fizesse a pergunta. Fiquei com medo da resposta que poderia dar-me.

Mas presto minhas referências àquele que foi um dos porteiros mais conhecidos e temidos na época, talvez porque usasse uma estrela no peito e um chapéu na cabeça e talvez por isso fosse conhecido entre a garotada apenas por “Xerife” médico canadense que atuou também na Escola de Medicina Tropical de Liverpol, na Inglaterra, Harold Howard Shearme Wolferstan Thomas.

E como Xerife também morreu, soube bem depois de sua morte por uma colega Assistente Social que trabalhava na Fundação Dr. Thomas.

carlos da costa
Enviado por carlos da costa em 24/12/2017
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