Só o tempo tem a resposta.
Difícil conseguir pensar em uma escala de situações que mais nos deixam impotentes na vida.
Em primeiro lugar vem a morte, inevitável e única certeza.
Não vou citar outras porque hoje o foco é o tempo, ou a falta dele.
Não deveria existir o sentimento de falta de tempo de houvesse uma aceitação da vida, das leis de Deus e do universo.
Se fosse possível me manter sempre no foco da minha insignificância perante a imensidão da vida.
Se a vida não fosse por vezes tão assustadora.
O nascimento de um bebê, por exemplo, me parece um ato de extrema solidão - do bebê- de fragilidade e força.
Como pode um serzinho tão pequenino enfrentar o mundo frio do ambiente hospitalar com suas luzes e enfermeiras práticas, mas pouco habilitadas para acariciar e acolher?
Hoje se fala em parto humanizado, não sei, mas pensando nos parcos recursos da saúde não me parece que seja uma regra.
Então o bebê cresce, se fortalece, treina para caminhar, falar, e futuramente buscar a sua vida, tomar o que deveria ser seu de direito.
Aí nesse ponto iniciam as inúmeras variáveis, atitudes ou falta de sorte, interferencias de outros em sua vida ou não, o permitir-se explorar o novo ou não, o fato é que de repente aquela criança assopra velinhas com o número 60.
E daí para a frente o tempo passa com uma velocidade assustadora.
E no início ela ainda tenta recuperar partes incompletas ou mal acabadas de sua vida.
E se atrapalha, e luta, e tenta de novo e de novo, e o tempo passa, e passa, e a vida escorre...
Quando finalmente descobre que sempre foi assim, que sempre foi apenas ela e Deus, não dá mais tempo.
O tempo esgotou.
Ainda tem vida, mas não tem mais tempo.
Tudo ficou para depois, ou tudo foi antes do tempo, e por que algumas coisas não conseguiu fazer a tempo, ou no tempo certo?
Só o tempo tem a resposta.
Jeanne Geyer