A AMANTE!! OU NÃO? E O DETETIVE?

A AMANTE!! OU NÃO?(COITADO DO INVESTIGADOR)

Jucemira tinha para mais de quinze anos de casada, mas um dia cismou que o marido estava estranho, que tinha umas saídas no meio do dia, sem dizer para onde ia.

De repente, saía do trabalho, e algum tempo depois retornava, e aquilo estava mexendo com a tranquilidade dela, que já era desconfiada por natureza.

Primeiramente, perguntou a Godofredo, seu marido, aonde ele teria ido no meio dia, ao que ele enrolou, com o seu jeito sempre garboso de ser, e respondeu que tinha ido só olhar um móvel de escritório para vender numa loja.

Como as saídas continuaram, ela perguntou novamente, e dessa vez ele disse ter ido olhar um imóvel que estava para vender, e como o valor estava bem abaixo do preço de mercado, ele foi ver se valia a pena.

As saídas continuaram, e ela continuou a perguntar, e como sempre, ele tinha uma resposta pronta, mas não que a convencesse.

Um dia, olhando os classificados do jornal, ela viu um anúncio de um detetive, que dizia trabalhar barato e discreto, o que ativou seu cérebro, e logo a ideia tomou forma, fazendo com que ela ligasse para o número de telefone que estava impresso, e de pronto, marcou um encontro.

No outro dia, senor Honório apareceu no escritório de Jucemira, na hora marcada.

Honório era um senhor de meia idade, cabelos grisalhos, rosto enrugado, óculos de armação de tartaruga na face, roupas simples, e pouco arrumado, mas muito simpático, paciente e calado.

Ele sentou-se, e ela contou o que estava acontecendo, e que precisava descobrir se o marido tinha ou não uma amante.

Senhor Honório escutou tudo com muita atenção, e muito tranquilo, perguntou se ela realmente queria fazer aquilo, porque ela poderia não gostar do resultado.

Mas, Jucemira estava irredutível sobre o assunto, e se descobrisse algo, o bicho ia pegar, porque ela não era fácil.

Honório pegou todos os dados que precisava, e disse que no dia seguinte iniciaria as investigações, e daria notícias a cada dois dias sobre o andamento das coisas. Naquele tempo, não existia celular, então, tudo era bem mais burocrático.

Mas, Jucemira não era uma pessoa de paciência, e ligava diariamente, a quase toda hora para o senhor Honório, que raramente estava na casa dele, já que o trabalho do mesmo era nas ruas. Então, quem sempre atendia e ficava de dar o recado era a esposa do mesmo.

Dois dias depois ele marcou um encontro com Jucemira, numa praça do centro da cidade, e lá contou a ela, que havia seguido o senhor Godofredo, e que ele tinha ido numa casa, próximo ao centro da cidade, e lá teria entrado, passado alguns minutos e saído.

E que agora, tentaria descobrir quem morava na casa.

Jucemira logo quis saber aonde era essa casa, para ela ir até lá. Porém, o senhor Honório disse que ela tivesse paciência, que ele daria as informações na hora certa, que caso chegasse a ver algo, com certeza tiraria fotos para comprovar tais fatos. Pediu também, encarecidamente, que a mesma parasse de ficar ligando direto para a casa dele, pois ele daria informações na hora certa.

Ela não gostou muito, mas concordou em aguardar uma resposta mais plausível dele.

No entanto, Jucemira não era de esperar, e começou tudo de novo. Ligava, ligava, ligava……..

A esposa do senhor Honório já estava indignada, e reclamou com Jucemira, que pedia desculpas, dizia que não ia ligar mais, porém, no outro dia começava de novo.

Dias depois, o senhor Honório a procurou, e pediu pelo amor de Deus para ela para de ligar direto para a casa dele, porque aquele trabalho já estava se tornando insustentável, ele até falou em desistir de investigar, mas ela chorou, fez drama, e acabou convencendo o homem a esperar um pouco mais.

Depois, ela insistiu com ele, que ele a levasse no referido imóvel, o qual ele tinha visto o senhor Godofredo entrar por umas duas ou três vezes.

E a persistência no assunto foi tanto, que ele a levou lá perto, e mostrou qual era a casa. Jucemira queria descer, mas Honório não deixou, e acabou levando ela de lá. E disse que ela não retornasse até ele ter algo de concreto, pois já estava fazendo todas as investigações necessárias.

Falou ainda, que realmente, lá morava uma mulher de uns trinta e cinco anos, loura e bem afeiçoada, mas, ainda não tinha provas que a mesma tinha um caso com o senhor Godofredo, ou se morava alguém mais na residência.

Jucemira, concordou aparentemente em ir embora, mas ela estava fazendo planos para retornar ao local, e Honório, já sabendo da teimosia da cliente, pediu por tudo no mundo que ela não fosse, que ele tiraria fotos, e levaria para ela muito em breve, e que ela só aguardasse, e parasse de ligar para a casa dele, pois a mesma já estava criando uma situação insustentável com a mulher dele.

Senhor Honório, não deu notícias dois dias depois, e Jucemira voltou a ligar, mas o telefone não atendia. Tudo aquilo mexeu mais ainda que os nervos dela.

Jucemira não estava mais suportando, sua impaciência era tão grande, que ela resolveu por fim, confrontar o marido, que se assustou com toda a história, e exigiu que ela mandasse esse investigador parar de persegui-lo, pois ele não estava fazendo nada de errado, não sabia que casa era essa, e muito menos quem era essa loura. E que não tinha nada para esconder na vida.

Jucemira, então voltou a ligar, até que a esposa do senhor Honório atendeu, e a mesma estava transtornada. Quando Jucemira enfim, perguntou pelo detetive, a mulher já bastante zangada, e aos berros, disse que Jucemira parasse de ligar, pois o marido dela falecera há dois dias, teve um ataque no coração, e que estava inclusive pensando em processar Jucemira, porque achava que ela era a culpada, já que infernizava a vida do senhor Honório como ninguém, e que o marido andava tão transtornado, que acabou por bater as botas.

Jucemira, ficou horrorizada, disse que era loucura, chamou o marido dela que falou com a esposa de seu Honório, e acabou convencendo a mulher a esquecer essa história.

Enfim, quando a poeira baixou, Jucemira, que logicamente, não esquecera da casa e da loura, foi até o imóvel que o senhor Honório havia mostrado a ela.

Mas, para a sua surpresa, o mesmo estava fechado e para alugar, e ninguém na vizinhança soube dar qualquer informação sobre o morador ou moradores do imóvel.

E assim, a história ficou por isso mesmo. Jucemira nunca soube se foi traída ou não, e o senhor Honório, acabou por falecer no meio das tais investigações.

E o senhor Godofredo parou de sair no meio do dia.

E assim, a vida continuou…………...

Noélia Alves Nobre
Enviado por Noélia Alves Nobre em 21/12/2017
Reeditado em 22/12/2017
Código do texto: T6204688
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