"Festa estranha, com gente esquisita "
Durante muito tempo pensei que eu era uma aberração. Alguém que enjoa das pessoas. Perguntava todos os dias para a menina que mora dentro de mim se era medo e ela dizia que não. E numa conversa despretenciosa com um amigo, recebi a seguinte mensagem:
" Você tem uma natureza inconstante Nat. Talvez não como a minha, ou como de qualquer outro amigo seu, mas ao mesmo tempo que consegue ser uma pessoa focada você não consegue ser sufocada. Precisa buscar novos ares, respirar em outros picos, e muito do que faz você querer o novo não ta nem no novo por si só mas muito mais também pela própria busca. E isso é muito bom! Porém faz parte do seu jeito quando finalmente alcança o novo, aquilo por mais novo que seja, não ser o suficiente pra prender assim seu coração, seu ânimo, seu interesse. Não é uma aberração. Você necessita de algo que se recria e que se transforma. Tu é um mulherão da porra e sabe que não vai se contentar com pouco. Você nasceu pra subir as montanhas mais altas pelo puro suor só do trajeto, sem nem levar em consideração o panorama das estrelas de quem sobe e eleva-se. Nunca que vai se contentar com um morro qualquer."
E com isso eu entendi que as pessoas estão desinteressantes mesmo. Não é apenas uma desculpa minha pela deficiência em criar laços. É apenas uma verdade da era contemporânea.
Não é que elas estejam chatas. Conheço gente legal o tempo inteiro. Várias amizades surgem em lugares rotineiros e diariamente. Mas o quão interessantes essas pessoas são ? A maioria é bem igual. E não é um defeito ser igual. Assim como não é um defeito ser diferente. Sequer sou tão diferentona assim. Então por que exigir isso do próximo ?
Nesse questionamento interno, percebi que as pessoas estão desinteressantes porque estão acomodadas. Acomodadas com seus fracassos. Acomodadas com suas incertezas. Acomodadas em desgostar das suas rotinas. Acomodadas em aceitar " o que tá tendo". E eu não quero alguém assim. Quero alguém que se renove e que me impulsione a me renovar quando a preguiça falar mais forte que minha insatisfação. Sim, isso é normal de acontecer e geralmente combato essa preguiça sozinha. Mas seria bom ter alguém que me impulsionasse e que eu pudesse impulsionar.
A verdade é que tem gente que quer mudar mas não quer agir. Gente que não gosta da realidade que vive, mas aceita que " é o que tem pra hoje". Elas esquecem que o amanhã também virará hoje é o depois de amanhã também. E assim se acomodam em ser quem são, sem estarem satisfeitos com isso. Vira uma espécie de ciclo vicioso. Reclamam no facebook o dia inteiro através de memes que popularizaram o sentimento de derrota. Virou "cult" se chamar de trouxa ou fracassado. Virou piada de acomodar nas derrotas e apenas rir delas. Virou tendência " tô rindo de desespero" ou " não sei onde minha vida tá indo, só segue o baile". E assim, me sinto numa "festa estranha, com gente esquisita".