Por que confiar?

No pacto tácito que a sociedade faz para existir em seus vários graus, estágios ou apogeu conhecido, um dos principais traços comuns é a confiança. Ela independe desses patamares face à interdependência que há em se viver em grupos. Essa atitude social de distribuição de responsabilidades se dá mesmo entre os animais irracionais quando cooperam para sobreviver com ensinamentos familiares aos filhotes e também até na recreação entre eles, onde a cumplicidade distingue atitudes amistosas de agressivas. Os seres humanos possuem essas razões básicas de confiança e a ampliam proporcionalmente à gama de interesses infindáveis que seu sofisticado aparato de convenções requer. Evidentemente os motivos para a desconfiança coexistem pelos mesmos motivos, entretanto o status atingido pela sociedade racional elevou a necessidade da confiança a tal ponto que nenhuma sociedade melhor sucedida admite altos níveis de desconfiança sob pena de ruir pelas formas mais primitivas. Assim, qualquer atitude que comprometa esse princípio será um item de sustentação arrancado da estrutura social que sobrecarregará aos demais e conspirará para sua queda. Essa premissa tem que estar presente no inconsciente coletivo construído ao longo do processo civilizatório, cujo pressuposto é a educação. Não se justifica competir sem regras, pactuar sem ética ou prevalecer sem glória e, queiram as satisfações pessoais ou não, o isolamento por ausência de valores primordiais será tão certo quanto o sucesso da sociedade que o pratique.