HORROR
Vinte e cinco de março de 2003. No meio da madrugada, desperto de um pesadelo: uma escura e gigantesca pedra (tão grande que nem cabe inteira no meu campo visual) despenca de uma ribanceira e rola sobre um frágil e inocente canteiro de brancas flores.
A guerra! A imagem do pesadelo me devolve à realidade: o Iraque está sob bombardeio.
Nada entendo da guerra. Na minha insignificância de homem de paz, não consigo alcançar as intrincadas construções semânticas que engendram o arrazoado de seus motivos. E se alguma coisa sei sobre a guerra é que sua estética é a própria negação da estética (embora haja poetas - mas aí são poetas! - que ousam extrair do horrível o belo).
Um tanque que avança sobre uma população é a pedra que esmaga o canteiro de margaridas no meu sonho ruim; os aviões de guerra, caças e bombardeiros, são aves de rapina e mau agouro; os senhores da guerra, Bush e Blair, são o demônio e seu ajudante de ordens. Nem se eu fosse Deus os perdoaria!