Dois rios
Era uma vez, dois rios criados da mesma NASCENTE, com águas límpidas e cristalinas. Embora da mesma origem e DESTINO, corriam por locais e direções diferentes. Em seus caminhos, as provas e ATRIBULAÇÕES eram imensas.
Quedas D'água, barreiras e contenções, enchentes e terrenos estereis, desertos e florestas encharcadas, queimadas e poluição provocadas pelo homem. Esse fora o tributo a pagar, até atingirem o APOGEU das suas existências, o encontro com senhor supremo das águas, o MAR.
As opções não eram fáceis, as decisões poderiam mudar para sempre seus cursos e destinos. Então, o rio mais velho, havendo passado por diversas experiências de vida, buscava sempre ajudar o raivoso e impetuoso rio jovem. Este jovem rio, ao longo da sua jornada, nunca estava disposto a enfrentar os obstáculos e dificuldades, ele sempre os contornava. Para ele não havia sentido em passar por elas. Muitas das suas decisões, causaram transtornos aos habitantes das suas margens, mas, isso não o incomodava muito, para ele os fins justificavam os resultados. Quando intempéries atingiam seu leito muito intensamente, ele expressava toda sua ira através de turbulentas corredeiras que afogavam seu ego. Quando suas águas estavam turvas ou quase secando, ele mudava sua direção e vinha ao encontro do velho rio em busca de ajuda.
O rio mais velho, escutava atentamente suas lamentações e bravatas, aconselhava-o e o alimentava com um pouco de águas límpidas e brandas. Mas, seus conselhos e ajuda nunca foram o bastante.
O velho rio, já havia enfrentado secas terríveis, invernos gelados, desertos que quase o secaram, tempestades e enchentes transbordaram suas águas e o encheram de lama. Em alguns desses sufocantes momentos quase desistiu, é verdade... mas, quando lembrava da vernácula NASCENTE, renovava a esperança e a força, e esta força o movia entre as agruras da sua probatória jornada. Com sapiência e humildade, enfrentou e transpôs a todos estes obstáculos.
Sabia que o rio mais jovem, apesar da sua impetuosidade, era no fundo um rio frágil e coração grande. Ele sempre fora influenciado por desprimorosas companhias. Alguns pântanos, córregos e até mesmo caudalosos rios, o cooptavam para caminhos duvidosos, sugavam sua água e o enganavam com promessas de abundância.
Intercedeu por muitas vezes, fornecendo a preciosa água que tanto precisava. Mas, isso nunca o fez deixar sua arrogância e impetuosidade, por vezes chegou a vituperar o velho rio.
Mas o AMOR que brotava das recônditas profundezas de suas águas, superava a própria razão, afinal aquele jovem rio, viera da mesma NASCENTE, era seu IRMÃO.
Os anos foram passando, e agora o cansado rio mais velho, percebe estar próximo de onde todos os rios terminam sua longínqua jornada, ele espera que o mais jovem também consiga. Então se encontrarão num fluído e FRATERNO abraço, daí em diante, seus destinos, estarão sob a regência do colossal e magnifico MAR.
A vida de um rio desde a NASCENTE até o MAR, pode trazer vida e felicidade, mas também, destruição e tristeza.