A Bela Mulher

Passava eu, tranquilamente, na minha calçada de sempre, com a cabeça baixa, como costumeiro.

Não é que trombei com uma linda jovem mulher. Alta, cabelos louros, olhos azuis, parecia uma deusa do olimpo.

Ela fitou-me, pedimos desculpas ao mesmo instante, e eu ia prosseguir minha caminhada até o mercado.

De repente essa moça disse-me: - Espere uma pouco. Posso falar alguns minutos com você, estou a ponto de enlouquecer de vez.

Diante desse pedido não poderia dizer não.

Ela me perguntou onde poderíamos conversar, então, sugerir o café do bairro.

Entramos, sentamos, e eu esperei que ela começasse o diálogo.

Pedimos café ante a um silêncio aterrador. Começamos a saborear nosso café, quando a moça perguntou-me: -Já pensou em suicídio?

Eu prontamente, como sempre tive esta resposta, disse-lhe que sim. E afirmei: diversas vezes.

Para minha surpresa ela me mostrou um revolver, que parecia calibre trinta e oito, tirado, suavemente, de uma linda bolsa.

Agora eu já não sabia o que fazer e dizer; arrisquei um,( por favor guarde isso). Ela guardou a arma e começou a chorar.

Como já ouvi, muitas vezes, os psicólogos dizerem que em determinados momentos é melhor chorar e deixar chorar; esperei aquela jovem senhora se acalmar; pensei um pouco e perguntei-lhe: - Posso ajudar de alguma forma? Então veio a resposta mais surpreendente que eu já havia recebido na vida: - Fique um pouco comigo, não diga nada, eu também não quero falar, só desejo sua companhia.

Bem, esqueci do mercado e fiquei horas com a moça sentadas no café. Acho que tomamos seis cafés.

Depois de, mais ou menos duas horas, a senhora me agradeceu e disse-me: - Você salvou a minha vida. Não me contive e falei-lhe: - Mas eu não fiz nada. A resposta mais uma vez me pegou despreparada: - Você foi a única pessoa que me deixou chorar, sem aqueles jargões - seja forte -, - a vida é difícil mesmo -;além disso, escutou meu silêncio, essa vontade enorme de ficar com alguém sem necessitar ter um assunto para conversar.

Levantou-se, pagou a conta e disse adeus.

Precisei de mais um café para compreender:- Não sabemos mais sentir, ouvir, chorar, gritar; só morrer.