MAIS UM LADO DA VIDA DE PAULO FOG
AS FASES DA VIDA OU DE UMA VIDA - Alguns falam do infortúnio, eu ainda não o sei, o que sei é que tive uma infância quase normal como a dos outros porém em determinados momentos me vi diante a certas escolhas, uma delas o fato de ver meus pais se acabarem com a tal união matrimonial que tive, desde o principio para mim fadada ao nada.
Era uma noite após mais uma explosão repentina de meu pai, tv desligada e todos para a cama.
Minha irmã já estava casada, também fadada ao fracasso já que por inúmeras vezes dizia não gostar do esposo e que só havia casado para se livrar de casa e de todos nós.
Pois é, agora entendo a força que a palavra possui, mais de volta ao fato, já se passara das 21 horas eu já havia pego no sono quando ouço um barulho de gemido, mais daqueles de pavor, terror.
Vinham da cozinha, nossa casa era parte em madeira, quartos, copa, sala e a cozinha tomava conta da largura da casa, uma varanda grande vinha ao lado desta até o muro limite e outra menor na frente da casa.
A primeira parte da casa era coberta por telhas francesas e a cozinha com telhas de amianto, nosso banheiro era bem grande de laje e suportava uma caixa de reserva para água com capacidade para 1000 litros.
Acordei meio sonolento ainda a ouvir aquele barulho, fui meio balançando para a copa, ai aquilo se tornava maior, quando cheguei na porta de acesso a cozinha, ali entre a pia de lavar a louça e o fogão DAKO azul e branco de ferro, meu pai estrangulava minha mãe.
- Pai largue minha mãe agora, o que esta fazendo, vai mata-la.
Graças a Deus, a Virgem e a tudo que acredito fui um garoto sem muitas oportunidades, a vida me afastou destas, tipo me retirou muitas coisas, porém acho, como forma de indenização me dera uma voz ardida, fina de altissima potência, com certeza aquilo que eu disse fora ouvido há vários quarteirões.
Certa vez uma vizinha que sempre levava roupas para minha mãe consertar e panos para costurar novas peças disse para ela.
- Olhe em casa, sabemos da hora por meio de seu garoto.
- Como assim?
- Ele chega gritando da escola que a gente ja nem olha mais para o relógio.
Nem preciso falar que minha mãe quase desfaleceu diante aquela conversa, sim ela explodiu em vergonha, mais fazer o quê eu era realmente conhecido por este detalhe peculiar e outros também.
Meu pai aliviou as mãos, minha mãe aproveitara e lançara a panela de arroz que estava ao fim do cozimento nele.
- Esta louca.
- Nunca mais toque em mim.
Eu ali aos choros, ele me olha com um ódio tremendo.
- Vai para o teu quarto.
- Não vou, só quando minha mãe for.
- Quer apanhar?
Juro senti minhas nádegas arderem, por que meu pai, branco, alto, herdeiro de DNA italiano, porém nascido no estado de Minas Gerais, tinha e tem mãos pesadissimas.
- Não vou. Gritei cabisbaixo.
- Pode ir meu filho, ele não vai mais se meter comigo, nunca mais.
- Tem certeza mãe?
- Vai meu querido.
Ali vi uma cena que me fez criar um senso sobre a vida familiar, minha mãe em respiração ofegante com uma faca na mão.
Qualquer outro garoto ficaria em choque ao ver uma cena daquelas, eu não, tive sim foi é orgulho de minha mãe, uma mulher que ainda jovem deixou seu estado do Paraná, veio para o estado de São Paulo, conheceu meu pai, se casou com ele para poder sair das casa de famílias onde trabalhara, mais nunca o mentiu casou-se sem amor.
Meu pai, home forte destemido, meu herói por várias vezes, trabalhador, pai, deixou a família em Minas Gerais sabe Deus o por que e saiu á procura de trabalho por este nosso Brasil.
Passou por Rio de Janeiro e São Paulo capital e veio parar aqui, trabalhando nas serrarias da época e logo fora posto em embarcações de toras de madeiras.
Foi num desses barcos que ele certa vez fora lesionado com grandes pilastras de madeira na costela.
Hoje homem aposentado, de certa idade avançada mora com outra mulher e outra família ainda traz naquele par de olhos azuis a lembrança de um pai mais também em certas ocasiões um quase carrasco.
08122017 ................