UM DISCO DE VINIL
Da série:Memórias da minha rua
(Pequenas crônicas de natal)
Era um disco de vinil. Um “LP” daqueles antigos.
Cuidadosamente , à cada fim de ano, vinha da capital na bagagem de alguns membros da família.
Plantada numa curva silenciosa de estrada,a casa polaca era toda expectativa.
A grande noite chegava.
A sala , embora modesta , era ampla e aconchegante.
Num dos cantos, a TV “Colorado RQ” (aquela de perninhas) anunciava os poucos minutos que faltavam para o início da missa do galo.
No sofá vermelho, alinhado em seu terno cinza, uma soberba presença punha-se à esperar por “Karol Wojtyla”.
Na copa davam-se os últimos retoques na preparação da ceia.
Profusão de vozes ! Novidades, abraços, gente chegando...
O burburinho em nada o perturbava.
[ Sentia-se feliz ]
Ao lado da TV, numa radiola, girava um disco de vinil.
Solene, ele acompanhava cantarolando..
Brigadeiros adocicavam-lhe o vozeirão, e seus olhos guardavam o anilado das hortências.
[ Como que fora um maestro, regia com as mãos o compasso de sua própria entonação ]
A família o espiava enternecida.
[Êle fingia não perceber]
O disco de vinil, aquêle mesmo de todos os natais, o velho senhor de olhos de céu, o sofá vermelho, o vozeirão mesclando-se à magia do coral polonês...
Os mesmos zumbidos dos natais dos tempos , a percorrer agora as veredas de minhas lembranças, tão nítidamente...Como se meu ontem fosse “o agora”.
E aquêle disco de vinil, perene, girando, girando...
A mesma melodia a dizer-me de natais inesquecíveis.
Joel Gomes Teixeira
Clic no link abaixo e deixe-se envolver numa das mais lindas canções natalinas que ouvíamos ao vivo no vozeirão do senhor André,nosso saudoso *Dziadzio.
https://www.youtube.com/watch?v=z2pmX10GPtI
(*) Dziadzio (denominação de avô em polonês)
Texto reeditado.
Preservados os comentários ao texto anterior:
16/12/2012 20:59 - Ariadne Cavalcante
Senti também saudades também ao ler o seu texto, mesmo que não exatamente das mesmas cenas, mas sei o que é sentir saudades de momentos assim, tão especiais, e ficam em nossas lembranças tão vivos, tão inesquecíveis, tão únicos... Lindo texto! Beijos na alma!
16/12/2012 12:14 - Lilian Reinhardt
Segurando a água dos olhos/de emoção. Tudo sentido palmo a palmo/de impressionante beleza poética e transcendencia de suas palavras.Deslocamo-nos no tempo e o ultrapssamos com sua Arte. Isto é reencontro, religação, momento único para nos interioriar com nossas verdades mais puras. Que magia!!! Obrigada por tão sublime partilha. Em poesia escrita e sonora/conjugação uníssona das mesmas vozes, parabéns poeta, FELIZ E ABENÇOADO NATAL!!!
16/12/2012 01:19 - Maria Dilma Ponte de Brito
Velhos tempos. Hoje é o pen-drive que faz tocar as músicas natalinas. Muito menor que um disco de vinil e com mais capacidade de armazenamento. O que será que vai substitui -lo? Acredito que em regra geral os sentimentos sejam os mesmos. Pelo menos nesta data a gente promete ser bonzinho rsrsrssrs. Feliz Natal para você e um excelente 2013.
16/12/2012 00:06 -
Belíssimo texto, por vezes esse "disco de vinil" nos vem a memória, em forma de lembranças, verdadeiros rituais, e com o passar do tempo, entre tantas superficialidades expostas, ficam apenas as lembranças eternizadas, e as de hoje em dia, parecem se perder na memória, adorei ler seu texto, bjos. Crystal Green.
15/12/2012 23:29 - Maria Olimpia Alves de Melo
Muito lindo!
15/12/2012 01:13 - Gleidson Melo
Bela crônica! Certamente guardamos muitas recordações dos velhos tempos. Sinto saudades e vivo o presente. Abraços e fica com Deus. Feliz Natal!
13/12/2012 11:39 -
Amigo Joel. Só um coração do tamanho do teu consegue guardar e expor cenas como estas.Chego a vislumbrar a cena. O Patriarca cheio de saudades da terra amada, cantarola esta linda melodia natalina que acabei de escutar, enquanto as polacas arrematam os pratos típicos para a ceia familiar. Lindo espetáculo ! Que ele possa se repetir em cada lar deste nosso país.Um forte abraço natalino do amigo e fã Ciro
12/12/2012 17:00 - Yara (Cilyn) Lima Oliveira
Agora você tirou água de pedra, fez-me chorar e recordar o que não queria, de tão bom que foi e de tanto doer que dói. Parabéns. Você é um homem de bons sentimentos; que lebra o que deve ser lembrado "cantando o que bem merece e deixando o que é ruim de lado!. Um abraço. Até mai ler, Yara.
12/12/2012 16:37 - Anita D Cambuim
Joel, boa tarde. Emocionante crônica. Ouvi a música também e gostei de imaginar a cena que você testemunhou. Parabéns.
Da série:Memórias da minha rua
(Pequenas crônicas de natal)
Era um disco de vinil. Um “LP” daqueles antigos.
Cuidadosamente , à cada fim de ano, vinha da capital na bagagem de alguns membros da família.
Plantada numa curva silenciosa de estrada,a casa polaca era toda expectativa.
A grande noite chegava.
A sala , embora modesta , era ampla e aconchegante.
Num dos cantos, a TV “Colorado RQ” (aquela de perninhas) anunciava os poucos minutos que faltavam para o início da missa do galo.
No sofá vermelho, alinhado em seu terno cinza, uma soberba presença punha-se à esperar por “Karol Wojtyla”.
Na copa davam-se os últimos retoques na preparação da ceia.
Profusão de vozes ! Novidades, abraços, gente chegando...
O burburinho em nada o perturbava.
[ Sentia-se feliz ]
Ao lado da TV, numa radiola, girava um disco de vinil.
Solene, ele acompanhava cantarolando..
Brigadeiros adocicavam-lhe o vozeirão, e seus olhos guardavam o anilado das hortências.
[ Como que fora um maestro, regia com as mãos o compasso de sua própria entonação ]
A família o espiava enternecida.
[Êle fingia não perceber]
O disco de vinil, aquêle mesmo de todos os natais, o velho senhor de olhos de céu, o sofá vermelho, o vozeirão mesclando-se à magia do coral polonês...
Os mesmos zumbidos dos natais dos tempos , a percorrer agora as veredas de minhas lembranças, tão nítidamente...Como se meu ontem fosse “o agora”.
E aquêle disco de vinil, perene, girando, girando...
A mesma melodia a dizer-me de natais inesquecíveis.
Joel Gomes Teixeira
Clic no link abaixo e deixe-se envolver numa das mais lindas canções natalinas que ouvíamos ao vivo no vozeirão do senhor André,nosso saudoso *Dziadzio.
https://www.youtube.com/watch?v=z2pmX10GPtI
(*) Dziadzio (denominação de avô em polonês)
Texto reeditado.
Preservados os comentários ao texto anterior:
16/12/2012 20:59 - Ariadne Cavalcante
Senti também saudades também ao ler o seu texto, mesmo que não exatamente das mesmas cenas, mas sei o que é sentir saudades de momentos assim, tão especiais, e ficam em nossas lembranças tão vivos, tão inesquecíveis, tão únicos... Lindo texto! Beijos na alma!
16/12/2012 12:14 - Lilian Reinhardt
Segurando a água dos olhos/de emoção. Tudo sentido palmo a palmo/de impressionante beleza poética e transcendencia de suas palavras.Deslocamo-nos no tempo e o ultrapssamos com sua Arte. Isto é reencontro, religação, momento único para nos interioriar com nossas verdades mais puras. Que magia!!! Obrigada por tão sublime partilha. Em poesia escrita e sonora/conjugação uníssona das mesmas vozes, parabéns poeta, FELIZ E ABENÇOADO NATAL!!!
16/12/2012 01:19 - Maria Dilma Ponte de Brito
Velhos tempos. Hoje é o pen-drive que faz tocar as músicas natalinas. Muito menor que um disco de vinil e com mais capacidade de armazenamento. O que será que vai substitui -lo? Acredito que em regra geral os sentimentos sejam os mesmos. Pelo menos nesta data a gente promete ser bonzinho rsrsrssrs. Feliz Natal para você e um excelente 2013.
16/12/2012 00:06 -
Belíssimo texto, por vezes esse "disco de vinil" nos vem a memória, em forma de lembranças, verdadeiros rituais, e com o passar do tempo, entre tantas superficialidades expostas, ficam apenas as lembranças eternizadas, e as de hoje em dia, parecem se perder na memória, adorei ler seu texto, bjos. Crystal Green.
15/12/2012 23:29 - Maria Olimpia Alves de Melo
Muito lindo!
15/12/2012 01:13 - Gleidson Melo
Bela crônica! Certamente guardamos muitas recordações dos velhos tempos. Sinto saudades e vivo o presente. Abraços e fica com Deus. Feliz Natal!
13/12/2012 11:39 -
Amigo Joel. Só um coração do tamanho do teu consegue guardar e expor cenas como estas.Chego a vislumbrar a cena. O Patriarca cheio de saudades da terra amada, cantarola esta linda melodia natalina que acabei de escutar, enquanto as polacas arrematam os pratos típicos para a ceia familiar. Lindo espetáculo ! Que ele possa se repetir em cada lar deste nosso país.Um forte abraço natalino do amigo e fã Ciro
12/12/2012 17:00 - Yara (Cilyn) Lima Oliveira
Agora você tirou água de pedra, fez-me chorar e recordar o que não queria, de tão bom que foi e de tanto doer que dói. Parabéns. Você é um homem de bons sentimentos; que lebra o que deve ser lembrado "cantando o que bem merece e deixando o que é ruim de lado!. Um abraço. Até mai ler, Yara.
12/12/2012 16:37 - Anita D Cambuim
Joel, boa tarde. Emocionante crônica. Ouvi a música também e gostei de imaginar a cena que você testemunhou. Parabéns.