O meu pijama de bolinhas amarelinhas

Eu estava acordando e acordei sobressaltado.

Percebi de imediato que não estava com o meu pijama de bolinhas amarelinhas.

Estranho como dormimos acordados e com os sonhos de um azul intenso.

Algo dizia-me para abrir os meus olhos e então me deparei

Não sei vindo de onde com as cores avermelhadas de um ônibus circular afastado apenas cinco cm dos meus pés.

Acredito que foi um pisca amarelo lá de cima ou a buzina aqui debaixo que chamou a minha atenção a tempo.

Um motorista pálido e nervoso esbravejava ao volante.

Não sei de que planetas vieram estes seres estressados com os olhos esbugalhados, baba pela boca e falando palavrões.

O trânsito não é mais aquele caminho rápido , gostoso entre os endereços.

É um vai-e-vem de almas penadas a procura de mais um pedestre morto-vivo para atropelar.

Alguns motoristas abandonam a paz de suas casas e passam o dia com a alma em fogo e com o pé no fundo,parecem querer afundar as suas desgraças.

Nem quando param no semáforo se acalmam.

É com pequenas acelerações que aumentam o tesão.

Colocam o som ao máximo e aumentam a poluição sonora.

Devem acreditar que todos dançam as suas músicas e ficam eretos com as suas emoções.

Além dos carros pela esquerda, temos as motos pela direita, esquerda e até pelo centro do capo do carro.

Abrir uma porta de carro em via pública pode ser a porta de entrada pro cemitério.

E tem a fumaça do escape que esconde a próxima curva e aquela fumaça do baseado no qual se baseia o motorista terminal

Tem a propaganda do governo que é a de todos nós...Encha a cara, mas não faça o teste do bafômetro.

O vivo tem os seus direitos... O cadáver não.

E se matar alguém no trânsito, não se preocupe

Pague algumas cestas básicas (tem algumas em promoção).

... E volte a velocidade das emoções...

Robertson
Enviado por Robertson em 13/12/2017
Reeditado em 14/12/2017
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