CRITÉRIOS FROUXOS ("Quando você concede a terceira chance ao incompetente, a responsabilidade pelo insucesso passa a ser sua." — Adriana de Souza).
Hoje, precisei matar trabalho para ficar em casa concluindo as notas dos alunos de recuperação do quarto bimestre, na última semana do ano escolar municipal. São tantos trabalhos e provas diferenciadas para formar a nota dos alunos "atrasados" que chego a pensar na inutilidade deles. Eu tenho que fazer isso ficar mais difícil, contudo me sacrifico mais, não é justo que a nota final do aluno na recuperação seja maior do que a do melhor aluno na sala que foi excluído dela. Talvez isso seja exatamente o que vai acontecer comigo, vou ao inferno por ser bom, pois as vagas do céu já foram preenchidas pelos bandidos recuperados do mundo. Porém, acredito mais no contrário, quando o foco está na doença, nós nos recuperamos, mas não voltaremos ao estado original, ficam cicatrizes. O passar a mão na cabeça de aluno é um alisá-lo sem as implicações do assédio sexual, mas com as mesmas consequências.
Durante estas férias, vou procurar tratamentos para os meus sintomas mentais. Aqueles que herdei dos meus recuperados. Uma sensação de incompetência ainda me sobe à cabeça. E agora com a alma na área de crise e ao lado do corpo cansado sugere um desafio complexo para o meu intelecto e emoções, exigindo disciplina e serenidade para encontrar soluções adequadas. Eu quero viver tanto quanto um vegetariano: saudável e em paz! Contudo, Como fazer minha paz atormentar sua guerra sem guerra?
Aí vem o conselho de classe que tem por critério: o 'cada caso é um caso". Então ali se tomam decisões confusas, as quais se justificam com relatórios sentimentais e ora minimamente técnicos, quando for conveniente. Um só argumento serve para reprovar o aluno e também para aprová-lo na boca do (miserico)rdioso. "Com o critério com que julgardes, sereis julgados; e, com a medida com que tiverdes medido, vos medirão também." Só Jesus Cristo na causa!
Já me aconteceu sair do pré-conselho incentivado por colegas e orientado pela coordenadora a antecipar a aplicação da recuperação. Eu queria sair mais cedo também e obedeci, mas a nota da recuperação não foi suficiente de alguns alunos e reprovando um aluno de cuja a mãe é barraqueira, tremeram, então os tais colegas me obrigaram a aplicar outra recuperação jogando-me na cara que a data certa era aquela última, pois ele tinha direito. Acho que isso explica a bancarrota que envolve o professorado atualmente. "Quando você concede a terceira chance ao incompetente, a responsabilidade pelo insucesso passa a ser sua." (Adriana de Souza).