Conformismo
 
“Não É bem o que eu imaginava, ou o que me prometeram, mas está bom.”

Quantas e quantas vezes nos pegamos pronunciando frases com conteúdos parecidos ao longo de nossas vidas?  

Alguém se ergue e diz: “Não, não está bom, é muito menos do que merecemos e do que nos prometeram!”  Sob as pedradas dos conformados, essas vozes são criticadas, pisoteadas e esquecidas. Afinal, nós somos os “reclamões,” os que só apontam e nada fazem. Nós somos aqueles que são chamados de ingratos, detalhistas, infelizes, críticos. Porque “se não está como foi prometido,” clamam os conformados, “pelo menos, alguém fez alguma coisa.”

 Alguém que foi pago para ter feito bem melhor, e que ocupa um cargo que lhe dá poder para tal.

Nos esquecemos de que pagamos impostos para que as coisas sejam bem feitas. Nos esquecemos de que, ao reagirmos de forma tão complacente a cada coisa que nos empurram pela garganta, e ainda por cima, agradecendo pelo mínimo possível, estamos incentivando esse tipo de desserviço. Vivemos em um belo país, com um clima maravilhoso, riquezas inúmeras, potencial imensurável, e mesmo assim, nada parece sair do lugar.

Porque não somos patriotas. Nós nos contentamos com menos, somos um povo conformado e simplório. É como se nos sentássemos à mesa de um restaurante caro – por cuja refeição pagamos uma alta conta – e aceitássemos contentes um prato que além de não ter sido o que escolhemos,  tem um péssimo sabor.

Nós não valorizamos o lugar onde vivemos. Nós não nos valorizamos.
Andamos hipnotizados por entre luzes que pouco ou nada iluminam, e deixamos que nossas retinas sejam contaminadas por essa luz de brilho falso, tornando-nos cegos para todo o resto.

Mas está tudo bem: pelo menos, alguém fez alguma coisa. Mesmo que tenha sido bem menos do que nos prometeram, e muito menos ainda do que o que merecemos.

Comamos a nossa lauta refeição estragada, sem nos esquecermos de agradecer efusivamente por ela. 



Ana Bailune
Enviado por Ana Bailune em 11/12/2017
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