UM GOSTO DE PARAÍSO

Quando éramos crianças, o final de ano era somente alegria! Chegavam as férias, presságios de passeios e viagens, reencontro das famílias, amigos e brincadeiras! Sem falar que o Natal se aproximava e esperávamos o presente mais que encantado do Papai Noel! Nada mais fantástico! Lembro-me de meus pais me perguntarem: “o que você vai querer de Natal?” Nossa! Era totalmente demais! E comentávamos com todos os primos! Ficávamos numa espera inconsolável! Sabíamos que tínhamos feito o dever de casa, passado de ano! Na casa da tia nem todos tinham passado de ano! Por outro lado mãe e pai pareciam estar satisfeitos com a gente! Era motivo para comemorar e acreditar que o presente viria, que Papai Noel entraria pela janela na madrugada do dia 25 para deixar os presentes ao pé da árvore de Natal. E é claro não poderíamos ter esquecido de deixar a carta ao Papai Noel, senão ele não saberia qual presente deveria deixar! Dias e dias perguntávamos para a mãe, que dia é hoje? Está perto do natal? Faltam quantos dias? Faltam quantas horas? Eu posso esperar acordado? Eu queria ver Papai Noel e tirar uma foto com ele!

Pai e mãe falavam que não poderia estar acordado! “Papai Noel vem muito rápido e vai embora. Ele tem muitas crianças no mundo para entregar presentes. Mas ele não vai esquecer de você. Pode ficar tranquilo!” E eu perguntava: “ele vai me dar o que pedi?” Mãe respondia: “não sei, não!” Tem que esperar mesmo! Você acha que foi um bom menino este ano, que merece ganhar o presente que escolheu? E eu pensava comigo: “mas é claro! Eu iria dizer que não! E quantas vezes saíamos nas ruas e víamos tantas pessoas, lojas cheias de presentes, músicas de natalinas, “Dingo Bell” e outras! Muitas luzes ao anoitecer! Parecia realmente que no findar do ano tudo tinha uma magia diferente! Parecia que as pessoas sorriam mais, que estavam mais animadas, festivas! Era realmente magnífico vivenciar o Natal! E quando eu conversava com meus primos, com meus colegas, amigos, o assunto era o mesmo: “o que você vai ganhar de natal?”

Em contrapartida quando voltamos ao século XXI e pensamos como deve ser a cabeça das crianças de hoje com seus quatro, cinco ou seis anos de idade. Não ouvimos mais tantas conversa sobre o Natal! Não vemos nas ruas os presépios anunciando o nascimento de Cristo. Não vemos mais o Papai Noel e as crianças com aquele brilho no olhar ao ver o bom velhinho que passou o ano inteiro preparando o Natal da criançada. Certa vez conversei com um menino e perguntei o que ele achava do Natal, do Papai Noel do nascimento de Jesus, e ele me disse: “Papai Noel não existe, é meu pai que me dá presentes!” E por vez fiquei espantado ao ouvir uma criança de cinco anos de idade responder com tanta seriedade, com uma falta de esperança, como se fosse um adolescente ou um adulto respondendo tal pergunta. E a partir daí nos indagamos: “onde está a infância?” Onde está a mágica de ser criança”, onde está a alegria do Natal, da paz e da felicidade que parecia reinar nos corações?

Quando o Natal não é mais tanta alegria podemos compreender ainda que se deve à falta de muitos fatores que fazem parte da formação do ser humano. Hoje não mais valorizamos brincar na calçada com a família; não mais contemplamos a natureza ou o simples e nobre cantar de um passarinho. Tudo parece tão corrido e com as tecnologias “internéticas” das redes sociais da vida, do tudo na mão, tudo isso parece ter levado ao desencanto os belos momentos que tínhamos. Naquela inocência cada situação era nova. Não sabíamos muito, não tínhamos a acesso a tanto, e também isso fazia brotar em nós uma fantasia, um gosto de paraíso, uma alegria que germinava sem fim. E temos tanto hoje e mesmo assim reclamos de tudo! Quanto mais temos, parece que estamos mais insatisfeitos e nada nos contenta. Antes como com aquele pouco, o que recebíamos a mais era motivo de festa e de consideração, valorização e gratidão! Como hoje podemos nos readaptar para nos recantarmos com tudo de novo e transmitir isso às nossas crianças! Qual a receita para o novo sabor da vida? É preciso abrir de novo a caixa da vida que perdemos para sentirmos o quão é bom ser simplesmente e nesse pouco fazer triplicar a alegria!

Michael Stephan
Enviado por Michael Stephan em 09/12/2017
Código do texto: T6194406
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