OLHOS CRISTALIZADOS NO TEMPO

Algumas vezes, dependendo do horário, evito determinadas manobras no trânsito, mesmo que permitidas, então procuro retornos e conversões controladas por semáforos, pois são mais seguras. Assim acontece quando preciso cruzar da pista bairro-centro, pela avenida Oscar Pereira, para o bairro Teresópolis.

Mesmo sendo muito demorada a manobra e permitida somente por míseros 20 segundos, faço-a pela rua Madre Ana. Talvez entre um e outro sinal, o aguardo seja de 5 minutos.

De olho nas redondezas, pela vulnerabilidade da permanência parado, estando encurralado entre carros, permite que eu veja pessoas embarcando em táxis, no ponto ali existente, o entra e sai na padaria Glória existente no outro lado da avenida. Coisa que me provoca, pela desconfiança que o panifício comercialize produtos saborosos.

Por fim, há pessoas para todos os lados, cruzando as faixas de segurança.

Numa dessas observações, pude ver um idoso abordando o motorista do primeiro táxi do ponto, na ocasião mostrando um formulário que parecia um receituário. Ambos trocaram algumas palavras, como se fossem conhecidos.

A semelhança do idoso, com o ex colega de ginásio Jorge Luiz Zaniratti, representava quase que uma cópia dele, se não fosse castigada pelo tempo. Fomos colegas entre os anos de 1969 e 1972, no Ginásio Padre Rambo, bairro Partenon.

Isto fez-me pensar que tal ancião pudesse ser o pai do ex colega, pois havia muita semelhança.

Retornando o olhar pelos retrovisores, deparei-me comigo, num dos espelhos, quase tão idoso, como o suporto pai de Jorge, aliás, era o próprio Jorge, não havia dúvidas, tão idos como eu. Coisa que nossas vistas cristalizadas no tempo, não permitem que atualizemos em nossa marcha ao futuro, nem tão pouco que olhemos para dentro de nosso espelhos d'alma.

Do livro: Abrindo gavetas da Memoria - 2017 - 2018

Segunda Crônica

ItamarCastro
Enviado por ItamarCastro em 08/12/2017
Reeditado em 09/12/2017
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