Minha vida é andar

Há uma música do Luiz Gonzaga / Hervê Cordovil que começa minha vida é andar, e por aí vai. A música até que é boa pena que a lógica do viajante não combina; felicidade é viajar!

Não sei se isso é importante, porque o final é sempre o mesmo, as expectativas, mas o passo seguinte nos parece ter sempre uma importância que não é real, pois vai que não acontece, então, ficará no ar como o que poderia ter sido, mas não. Triste!

A relação do homem com a esperança é tênue, um ponto nebuloso na curva do caminho, o que por vezes não decola, o que não veio, não foi, e não se sabe. À curvatura do tempo reluz a esperança de voltar ao começo, mas é nada.

Andar, ver o visível e o invisível; sentir o ar, a água o fogo – não a formação triangular, quadrangular, o fenômeno químico – mas o fogo, a sarça ardente. Correr mundos, os palpáveis e os abstratos. Mundos que contém a exuberância de Ingres, Delacroix ou da singularidade de Jennifer O’Neal à solidão infinita de J. F. Sebastian que, em Blade Runner, literalmente faz amigos.

O mundo - o que que há velhinho? - é só isso mesmo, reformular conceitos e, se der, verdejar os campos, ressequidos, no olhar.

Luizinho Trocate
Enviado por Luizinho Trocate em 07/12/2017
Reeditado em 09/12/2017
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