NÃO HÁ RACISMO NO BRASIL? É MI MI MI?
Durval Carvalhal
Calma, caros amigos! Não é assim que a banda toca. É preciso estudar melhor a realidade brasileira. Se juízes e promotores negros criaram o grupo MMPNEGROS pela igualdade racial, é porque sentiram essa necessidade. Dir-se-ia que é a volta do chicote no lombo de quem sempre bateu.
A simples tipificação de “crime inafiançável e imprescritível” é prova plena e cabal de que Machado de Assis estava equivocado, pois o diabo é muito mais feio do que o que se pinta na realidade pátria.
Nunca fui racista e jamais o serei. Sempre que o racismo tentou me alcançar eu ri dele e do doente. Para isso, sempre estudei muito. Entretanto, compreendo o desejo radical de pessoas ao combater tamanha aleivosia.
Conta-se que no início do século XX, dois atores brancos caracterizaram-se de negros e circularam em Salvador. Sentiram, na pele, o que era ser negro na Bahia. Chegaram a chorar. Quem chama negro de vitimista deveria imitar os dois artistas supra para conhecer melhor a realidade social do Brasil.
A formidável major da briosa Polícia Militar do Estado da Bahia, Senhora Denise Santiago, reconhece o preconceito histórico da instituição, e trabalha para a organização superar essa visão distorcida de que “preto correndo é bandido, e branco correndo é atleta”.
Sua dissertação de mestrado versou exatamente sobre discriminação racial, e, numa ótima e pedagógica entrevista concedida à revista MUITO, ela confessou: [...] eu já sei que a Polícia Militar do Estado da Bahia tende a fazer uma discriminação racial na seleção de suspeitos”.
E a Bahia é o Brasil, não?
Leia a entrevista: http://atarde.uol.com.br/muito/noticias/1911632-o-crime-que-a-gente-combate-e-eminentemente-cultural