EPITÁFIO.

Ás vezes, a única coisa de que precisamos é um pouco de privacidade e silêncio; mas nem sempre isso é possível de acontecer. Hoje estou em um desses dias, eu procuro desesperadamente pelo silêncio, nada encontrou senão um dia extremamente difícil onde tudo parece dar errado.

Hoje é quarta-feira, o dia está nublado, e neste momento estou deitado no sofá da minha casa, é quase seis horas da tarde, estou muito cansado, dia de trabalho duro. Com o controle remoto da TV nas mãos procuro por uma boa programação,

depois de passar e repassar todos os canais disponíveis na minha TV, já irritado por não encontrar nada agradável, desligo a TV e ligo o rádio, velho e bom rádio, companheiro de longas datas. Comecei a procurar por uma estação com boa música, depois de uma certa demora, quando eu já estava prestes a desligar o rádio, achei um estação que tocava músicas antigas, músicas nacionais e internacionais, era essa a estação que eu queria, fiquei em silêncio ouvindo as músicas e meditando em meus pensamentos nada convencionais.

Ainda deitado no sofá, as pernas desajeitadamente esticadas, a esquerda na poltrona do sofá, a direita caída de lado e apoiada em outra poltrona que estava no chão. Deixei o som do rádio em volume médio, fechei os olhos na intenção de

dormir um pouco, eu queria esquecer aquele dia terrível. A programação que encontrei tocava músicas agradáveis, músicas nacionais, algumas antigas, mas todas as músicas tinham letras bonitas e arranjos maravilhosos, nada dessa porcaria barulhenta de hoje em dia. De repente, uma das canções chamou minha atenção, o arranjo era muito bom, a letra belíssima, poética demais eu diria; a canção era dos titãs, a música em questão tinha o título de Epitáfio, a letra da música me levou a uma

profunda reflexão.

Depois que a música terminou desliguei o rádio, mas aquela canção não saia da minha cabeça, mesmo horas depois, de já ter feito um monte de coisas, aquela música continuava martelando na minha cabeça, confundia os meus pensamentos, parei tudo o que eu estava fazendo, e comecei a refletir da seguinte maneira, dizendo em voz alta, para mim mesmo, aliás, eu dizia o seguinte: “Se por um acaso cruel do destino, hoje fosse o meu último dia de vida nesta terra, essa música me caberia bem.” A letra é de fato interessante, de uma profundidade filosófica enorme, mesmo porque, como diz certo poeta: "A vida é uma curva na estrada, e morrer é apenas não ser mais visto." Talvez nunca consigamos viver a plenitude da vida, e o que deixaremos para trás serão os fragmentos de uma vida incompleta.

A letra daquela canção é mais ou menos assim;

" Devia ter amado mais, ter chorado mais, ter visto o sol nascer; / Devia ter arriscado mais, e até errado mais, ter feito o que eu queria fazer. "

“ Queria ter aceitado, as pessoas como elas são, / Cada um sabe a alegria, e a dor que traz no coração,"

“ O acaso vai me proteger, enquanto eu andar distraído, / O acaso vai me proteger, enquanto eu andar..."

"Devia ter complicado menos, trabalhado menos, ter visto o sol se pôr; / Devia ter me importado menos, com problemas pequenos, ter morrido de amor."

"Queria ter aceitado, a vida como ela é, / A cada um cabe alegrias, e a tristeza que vier..."

Se pararmos para meditar em cada verso em cada frase dessa canção, descobriremos grandes e inegáveis verdades, não do mundo, mas de nós mesmos, do nosso universo interior, nosso mundo falido, descobriremos o quanto é bom viver por amor, " talvez quem sabe o acaso me proteja, pelo simples motivo de sempre estar distraídos pelos caminhos tortuosos desta vida", Como eu disse anteriormente: " Essa letra me caberia bem."

Uma coisa é certa, viver é uma arte, e na vida os

verdadeiros artistas são poucos, como bem diz a canção: " Queria ter aceitado a vida como ele é, a cada um cabe alegrias e as tristezas que vier."

Tiago Macedo Pena
Enviado por Tiago Macedo Pena em 07/12/2017
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