CALMA COMPANHEIRO!

Para início de conversa, o título nada tem a haver com o “slogan” do Partido dos Trabalhadores. Quem se detiver a ler o que segue, vai optar por uma reflexão sobre a nossa convivência com o Estado brasileiro e não é o estado geográfico, é o Estado nação. O Estado ao qual somos obrigados a nos prostar de joelhos ante sua soberania e a pedir clemência para que faça valer os nossos direitos constitucionais. São inúmeros os casos em que o cidadão é colocado na situação de seu vilão ou algoz. Ele, soberano e imaculado, guiado por programas de computador, fareja a vida do cidadão através de um simples dado: o seu CPF. Claro, que através do número pelo qual o cidadão é identificado, ele, o Estado, vasculha sua vida e invade sua privacidade de modo tão ostensivo, que não sossega enquanto não for provado que o bandido é outro e não ele mesmo.

O prezado leitor talvez seja um daqueles que nunca foi marcado pela malha fina do Imposto de Renda. Não tem, portanto, motivos para sequer supor que o Estado é o ente público que deveria primar pela justiça-cidadã. Você é apenas o contribuinte que nasceu e vive em um país das Américas que é o único que cobra em média, 38% de tudo que nele se produz.

Mas, se você fez sua declaração de ajuste anual do Imposto de Renda e omitiu por erro ou engano, R$ 20,00 em sua renda bruta, prepare-se para enfrentar uma fila enorme para justificar seu lapso. Documentos, recibos, declarações e outros papéis lhe serão exigidos para análise e posterior decisão e enquanto a decisão de um técnico que é pago por você não for oficializada, cabe tão somente a você, a sensação de que é um bandido, mesmo que ainda na estância administrativa. Depois disso, se considerado culpado (sonegador), as custas e os honorários de um advogado, o aborrecimento, a espera e a incompetência da máquina administrtiva, lhe fará, sem nenhuma dúvida, um alvo fácil para uma hipertensão arterial, um diabetes ou uma “piração”, se você for um indivíduo frágil, pois seu patrimônio, conseguido ao longo de muitos anos, estará ameaçado de um leilão público.

Se, porém, o exemplo de pequena monta acima não lhe abala e você é sócio de uma micro ou pequena empresa, que faliu, que abrigou seus sonhos de progresso e você ainda está vivo e lendo este artigo, fique certo de que a sua destroçada família, a falta da “Querubina” de seus sonhos (esposa ou companheira) que lhe abandonou, por lhe julgar incompetente e sob a pressão do Estado. Aí, resta-lhe as seguintes opções: 1) acionar o Estado pelo seu infortúnio ou 2) cometer suicídio e clamar por outra justiça, que não a brasileira. Por isso, tenha calma. Melhor é ter você vivo e provocando mudanças, mesmo atrás das grades do que satisfazer ao inanimado que foi criado para lhe servir e que, com robótica competência, lhe escraviza até o dia que fluírem as lágrimas da insensata viúva que lhe fez um solitário, em um mausoléu.

Rui Azevedo – 22.08.2007

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Rui Azevedo
Enviado por Rui Azevedo em 22/08/2007
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