Coragem...
Coragem
O medo estava ali, à espreita. Sabia, a qualquer momento ela viria depressa, alegre e satisfeita. Há tempos esperava por ela... A bela donzela de cabelos encaracolados, onde, o vento a balançar, desfazia e emaranhava os lindos e sedosos cachos dourados. Era sublime... Ele sorria... Isso, devido ao toque dos dedos ágeis e singelos a fazer-lhe cócegas, também, pela inutilidade com que tentavam domar as belas madeixas.
Ela seguia, entregue aos pensamentos... Levavam-na a lugares distantes onde medo não viajava. Um mundo, habitado pela esperança. Amiga fiel, sempre mostrava-lhe horizontes habitados por campos e bosques verdejantes como ela. Estavam sempre repletos em grande diversidade de frutos. Havia ainda, o lago azul, onde seus olhos se banhavam após a viagem...
Repentinamente um arrepio... O vento, já não sorri... O tempo trocava sua vestimenta azul celeste, por outra escura e sombria. Prenúncio... A rainha tempestade avançava...
A passos firmes, a dama de cabelos encaracolados segue em frente sem se preocupar. Sabia, encontraria abrigo em algum lugar.
O medo, enraivecido não se contentava. A queria para si, e ela o ignorava... Decide então dificultar-lhe o caminho. Ordena às nuvens que soltem a rainha tempestade. E ela chega, gritando enfurecida a despejar seus raios. Cresce em volume, formando um enorme rolo compressor; devastaria tudo que viesse pela frente. Porém, o vento que a tudo assistia, sem se aliar ao medo, corre sentido contrário. Sopra forte, varrendo, empurrando, desfazendo as vestes da tempestade, que, nua e envergonhada, decide seguir para outro lugar.
Um sol radiante se revela, beija aquela pele macia, onde a alegria brinca sem se cansar.
E assim, foi-se o medo, derrotado e fraco, buscar outro lugar, onde não haja tamanha coragem para enfrentar. Com sorte pode nele habitar...